Em meio à tensão que envolve a situação de Luís Castro no comando da equipe, o Botafogo foi a campo em busca da classificação para as oitavas de final da Copa Sul-Americana. O empate em 1 a 1 com o Magallanes não serviu para garantir o primeiro lugar do grupo que terminou com a LDU do Equador. Embora tenha terminado o jogo com 23 finalizações, o Glorioso não conseguiu ser incisivo no ataque para criar chances claras de gol. O jogo marcou a despedida de Joel Carli que entrou nos minutos finais. Agora, para alcançar as oitavas, o Alvinegro vai encarar o Patronato, 12º colocado da segunda divisão argentina, em jogos eliminatórios de ida e volta.
Com um olho em campo e outro em Quito pela expectativa da primeira posição do grupo ser definida pelo saldo de gols, o Botafogo foi a campo pensando em construir uma vantagem larga no placar. Sem contar com Matías Segovia (não inscrito na competição), Castro optou pela escalação de Gustavo Sauer para ter um jogador com característica mais associativa no lado direito do ataque alvinegro. Sauer foi titular em cinco dos seis jogos desta fase de grupos. Junior Santos começou o jogo entre os reservas.
A presença de um ponta-direita canhoto, que busca o corte para dentro, a diagonal em direção à área, e não o ataque vertical à linha de fundo, exige uma dinâmica diferente para a ocupação da faixa direita do campo. Como Rafael não tem a característica de fazer ultrapassagens com recorrência, coube a Tchê Tchê a função de oferecer profundidade ao time pelo lado direito. Bem adiantado no campo, o volante foi o primeiro a arriscar finalização de longa distância aos quatro minutos de jogo.
O Botafogo não conseguiu aplicar a blitz habitual dos minutos iniciais das partidas no Nilton Santos. O ritmo lento, no entanto, não resultou em um jogo morno, sem oportunidades de gol. Pelo contrário, o que se viu foi um jogo aberto com ambas as equipes buscando o ataque e conseguindo finalizações. Dessa forma, foi em um contra-ataque que o Glorioso chegou ao primeiro gol aos 18 minutos. Marlon Freitas recuperou a bola no lado esquerdo, esticou para Eduardo, atacou a àrea para receber o cruzamento rasteiro e finalizou forte no alto para vencer o goleiro. Tiquinho teve participação importante com um corta-luz que provocou hesitação na marcação chilena.
Depois do gol, o Botafogo valorizou a posse de bola e teve um pouco de controle das ações no jogo. Aos 28, na primeira vez que Sauer atacou a linha de fundo pela direita, descolou bom cruzamento para Eduardo que por pouco não ampliou. Na reta final do primeiro tempo, a partida ficou mais amarrada, disputada no meio-campo, longe das zonas mais perigosas. O Alvinegro voltou a incomodar já nos acréscimos, quando finalizou três vezes e levou perigo em cabeçada de Adryelson.
As 12 finalizações alvinegras no primeiro tempo mostram um time que buscou o ataque, embora tenha encontrado alguma dificuldade de ser incisivo para criar mais chances claras de gol. Mesmo com as chegadas de Tchê Tchê e Marlon Freitas atacando a área e somando-se aos atacantes, poucas vezes o Botafogo chegou ao ataque com cinco, seis jogadores em bloco provocando confusão no sistema defensivo adversário.
No intervalo, com a informação da vitória parcial da LDU sobre o César Vallejo também por 1 a 0, jogadores e comissão técnica sabiam que seguiam em vantagem na classificação, porém sem qualquer margem de segurança. O Botafogo precisava de mais gols no segundo tempo para não depender do resultado dos equatorianos. Castro mexeu na equipe em busca de mais energia e força no terço final do campo. Trocou os dois pontas, Sauer e Victor Sá, por Júnior Santos e Luis Henrique. Punido com um cartão amarelo na primeira etapa, Rafael também deixou o campo para a entrada de Di Placido.
O Glorioso voltou ligado no jogo, querendo mais gols. Nos primeiros 15 minutos do segundo tempo, foram cinco finalizações. Logo aos quatro minutos, após tabela com Tchê Tchê, Tiquinho teve boa chance, mas não conseguiu colocar força na finalização de perna esquerda. Cinco minutos depois, foi a vez de Júnior Santos arriscar jogada individual, cortar para a canhota e finalizar cruzado para fora. O time teve mais a bola nos pés e ocupou o campo de ataque, chegando a quase 70% da posse.
O Magallanes se reorganizou com uma substituição aos dez minutos e conseguiu frear o ímpeto ofensivo. O adversário também começou a encontrar saídas de contra-ataque, especialmente pelo lado direito da defesa alvinegra, por onde construíram a primeira chegada perigosa do segundo tempo com Barría escorando cruzamento. Aos 17 minutos, depois de um vacilo de Tiquinho na defesa, Jones acertou a trave. Os chilenos já eram o melhor time em campo quando Marlon Freitas foi expulso por acertar a cabeça de um adversário, aos 21.
Com um a menos em campo, Castro não fez substituições e procurou reposicionar os jogadores. O time se organizou em um 4-4-1, com Eduardo recuado ao lado de Tchê Tchê no meio-campo. O Botafogo perdeu poder de marcação e cedeu ainda mais espaços ao adversário. Aos 34 minutos, após indefinição de Adryelson e Tchê Tchê em jogada que parecia controlada, Zapata roubou a bola e acompanhou o lance para empatar o jogo. Enquanto perdia a vantagem no jogo, também chegavam informações dos gols da LDU, que terminou o jogo vencendo por 3 a 0.
Danilo Barbosa entrou no lugar de Tchê Tchê para dar mais força ao alvinegro. O Botafogo foi ao ataque em busca do gol da vitória mais na base da vontade que da organização tática e pouco produziu além de cruzamentos para a área. Luis Henrique teve a melhor chance de garantir a vitória, mas parou no goleiro Rodríguez. A entrada de Joel Carli aos 43 minutos foi o único motivo de celebração para o torcedor alvinegro. ‘El Capitán’ se aposenta depois de 191 jogos com a camisa gloriosa.
O Botafogo enfrenta o Vasco no próximo domingo (2), às 16h, no Nilton Santos. Depois de dez jogos sem vencer, o Cruzmaltino bateu o Cuiabá na última rodada, mas segue na zona de rebaixamento na 18ª posição. Sem treinador desde a demissão de Maurício Barbieri, o rival será treinado por William Batista, técnico da equipe sub-20.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BOT 53% x 47% MAG
Passes certos – BOT 354 (82%) x 288 (75%) MAG
Finalizações – BOT 23 (7 no gol) x 16 (4) MAG
Finalizações dentro da área – BOT 14 x 7 MAG
Grandes chances criadas – BOT 1 x 1 MAG
Grandes chances perdidas – BOT 1 x 0 MAG
Defesas do goleiro – BOT 3 x 6 MAG
Desarmes – BOT 12 x 24 MAG
Interceptações – BOT 13 x 10 MAG
Cortes – BOT 9 x 22 MAG
Escanteios – BOT 8 x 1 MAG
Cruzamentos – BOT 5/15 (33%) x 2/9 (22%) MAG
Bolas longas – BOT 29/58 (50%) x 26/60 (43%) MAG
Disputas de bola vencidas – BOT 72 x 51 MAG
Disputas aéreas vencidas – BOT 25 x 7 MAG
Faltas – BOT 14 x 12 MAG
Cartões amarelos – BOT 4 x 4 MAG
Cartões vermelhos – BOT 1 x 1 MAG