* Alguém se espanta e se surpreende com o nível das arbitragens nos jogos do Botafogo no Campeonato Carioca? É assim há anos. As partidas são pilhadas em parte pelos próprios juízes, com marcações duvidosas e na dúvida todas contra o mesmo time. Um cenário que irrita e causa destempero nos jogadores dentro de campo, além de uma sensação de injustiça, embora a reação alvinegra tenha sido desproporcional e incompatível com o futebol profissional.
* Houve uma série de erros contra nos jogos com Nova Iguaçu, Vasco e Flamengo. O deste sábado foi apitado por um árbitro inexperiente (Tarcizo Pinheiro Caetano), estreante em clássicos, que se mostrou nervoso, afobado e exagerado em diversos momentos. No primeiro tempo, foi perseguido por jogadores do Flamengo e correu para trás, fugindo deles, sem mostrar cartão amarelo. No segundo tempo, errou ao não dar falta em Tiquinho Soares e ao marcar toque de braço de Marçal, acabou expulsando os dois por reclamação. Corretamente, pelas reações. Mas por que não houve o mesmo rigor do outro lado?
* Cadê os árbitros experientes do futebol carioca? Na rodada, Wagner Nascimento Magalhães apita Bangu x Volta Redonda, e Grazianni Maciel Rocha é o juiz de Audax x Madureira. Alguém entende a Ferj?
* Um último pitaco sobre a Ferj: não pode existir “meio VAR“. Se há problemas no equipamento, que se comunique aos times e siga o jogo sem ele. O VAR impossibilitado de traçar linhas deu impedimento de Carlos Alberto no gol anulado e ignorou dois possíveis pênaltis em Matheus Nascimento. O último deles no fim, quando o defensor não tem chance de chegar na bola e estica o braço para empurrar e desequilibrar o centroavante alvinegro, que finaliza quase deitado. O lance deveria, no mínimo, ter sido revisto.
* Hora de falar do Botafogo. Como pode um time experiente, com jogadores com rodagem internacional, cair tanto na pilha em um campeonato de pré-temporada? Esquece o árbitro, vai jogar bola. Já está claro que vai ser assim, que o rigor será excessivo com o Botafogo e haverá complacência com os adversários. Entrar na onda de reclamar só vai trazer prejuízos.
* Fora arbitragens, fica uma preocupação clara. Os dois últimos clássicos deram um choque de realidade. O Botafogo de 2023 é pior que o do fim de 2022. Perdeu Jeffinho e Júnior Santos, não tem ainda Eduardo, Lucas Fernandes está voltando. Os reforços que chegaram não aumentaram o nível do time, viraram opções de elenco. Luis Segovia, Marlon Freitas e Carlos Alberto até são bons jogadores e úteis para compor, mas nenhum deles por exemplo seria titular na equipe que terminou o ano passado. Di Plácido é uma incógnita, uma aposta para a lateral direita.
* Fica clara a necessidade de contratação de reforços, como já apontada diversas vezes aqui. O time do Botafogo é preso, duro, pesado, com jogadores de alta estatura e pouca mobilidade, que preferem jogar com a bola no pé do que se deslocar para receber. Fica previsível e fácil de ser marcado. Não à toa, quase não ameaçou os goleiros de Vasco e Flamengo. Não à toa, depende tanto de cruzamentos. Sem pontas ágeis, que desequilibrem, a equipe tem dificuldade e gerar danos as linhas defensivas adversárias, tem uma posse de bola pouco produtiva e fica exposto a contra-ataques.
* É preciso também Luís Castro mostrar mais. Ainda que ele tenha pedido reforços, com razão, o elenco que tem pode render mais. Já houve um mês e meio trabalho em 2023, e o time pouco evoluiu, sobretudo ofensivamente. O esquema atual não funciona com os jogadores que têm. Contra o Flamengo, escalou dois médios de qualidade, mas pesados e de pouca mobilidade (Gabriel Pires e Patrick de Paula), um ponta-direita que não ataca, não dribla e não produz ofensivamente (Lucas Piazon), um ponta-esquerda que marca mais do que ataca (Victor Sá, que é bom jogador) e um centroavante em má fase (Tiquinho Soares), que depende da bola chegar e de jogadas de associação. No clássico, ainda teve atuações ruins de Daniel Borges e Joel Carli.
* Por que não soltar um pouco essa equipe? Com Lucas Fernandes e Carlos Alberto nos lugares de Patrick de Paula (infelizmente se lesionou) e Lucas Piazon, já houve alguma melhora. Sem desestruturar o sistema defensivo. Além disso, é trabalho do treinador estimular e potencializar jogadores. Matheus Nascimento, Luis Henrique e Gustavo Sauer podem e devem ser melhorados. A missão é deles próprios e da comissão técnica.
* Quer dizer que está tudo errado agora? Também não é assim. Segue havendo uma base defensiva sólida, um grupo coeso e um trabalho sendo desenvolvido. O Campeonato Carioca segue também para correções, as mais urgentes no momento são o lado psicológico dos jogadores e o setor ofensivo, além da qualificação do elenco. Mas, se não consertar logo, haverá consequências para toda a temporada.