* O Botafogo tem um início de ano turbulento, o que não era para acontecer. Afinal, terminou 2022 relativamente bem. Apesar de não ter chegado à Libertadores, se classificou para a Sul-Americana e com o time em evolução. Mas em 2023 tem sido diferente.
* A começar por erros de planejamento. O Botafogo, tal qual em 2022, não pareceu dar tanto importância ao Campeonato Carioca. Isso custou estar praticamente fora da final. E quase custou a vaga na Copa do Brasil.
* Luís Castro avisou que precisava de reforços, que time vencedor se monta entre as temporadas, que não podia correr na Fórmula 1 com um Mini Morris. O Botafogo, no entanto, foi para 2023 com uma equipe pior que a de 2022. Sem os dois pontas titulares (Jeffinho e Júnior Santos), sem os dois principais meias (Lucas Fernandes e Eduardo, que estavam machucados). Contratou quatro reservas, jogadores para compor o elenco, não para elevar o nível.
* Outro erro de planejamento foi na indefinição sobre a pré-temporada. Seria nos Estados Unidos, não foi. O time foi às pressas para o Campeonato Carioca, até fez papel razoável, mas pode ficar fora das semifinais do Estadual por conta de tropeços do Botafogo B (derrota para o Audax) e dos reservas (0 a 0 com o Nova Iguaçu).
* O preocupante é que o desempenho caiu assustadoramente. A ponto de chegar ao sufoco que foi para se classificar contra o Sergipe. Enquanto isso, Vasco e Fluminense parecem aproveitar bem a pré-temporada e o início de ano, ganham cara de time com potencial de crescimento. Já o Flamengo está em crise, mas pode se acertar rapidamente.
* Mais um erro de planejamento foi a demora e a indefinição até começar a implantação de grama sintética no Nilton Santos. O Botafogo está sem estádio em jogos importantes, como clássicos e duelos pela Copa do Brasil. Um exemplo é que escolheu mandar a partida contra o Flamengo em Brasília, perdeu Patrick de Paula por lesão, e Luís Castro culpou o gramado.
* Apesar dos problemas listados, o Botafogo poderia estar desempenhando mais. Aí o problema passa pelo técnico Luís Castro, que parece mais acostumado a trabalhar com times prontos e jogadores de qualidade. Talvez falte a ele maior capacidade de adaptação e de solucionar pequenos erros. É preciso entregar reforços a eles, até para poder cobrar mais.
* Ainda assim, o Botafogo foi a campo contra o frágil Resende e venceu por 2 a 0. A questão é que pareceu satisfeito com o placar, quando a classificação indica que o saldo de gols pode ser determinante para a classificação. Era difícil repetir o 6 a 0 do Volta Redonda sobre o Madureira, mas era plenamente viável o Botafogo buscar um 4 a 0. O próprio Luís Castro, contudo, indicou um movimento de controle do jogo, quando substituiu o lesionado Carlos Alberto por Lucas Piazon, em vez de tentar mais gols. A alteração, ruim, ainda mudava Victor Sá de posição (da direita para a esquerda), o que acabou corrigido porque o próprio Piazon teve que sair, dando vez a Luis Henrique. Não ter feito mais gols pode fazer diferença.
* Dentro de campo, o mais importante foi ver Matheus Nascimento brilhar, com assistência e gol. Confiança é fundamental. É preciso colocar na balança a fragilidade do adversário, mas o jogo também deu mais moral a jogadores como JP Galvão, Hugo, Carlos Alberto e até Luis Henrique. Além disso, mostrou um Lucas Fernandes perto de retomar sua forma, ao passo que Gabriel Pires está no caminho contrário, caindo a cada jogo.