* A torcida do Bahia avisou sobre Renato Paiva, bastante criticado por ela. O desempenho no Botafogo com o treinador parece bastante com sua passagem anterior no Brasil. Um ótimo exemplo é o levantamento do perfil “Botafogo Hinchas”, que com o português o desempenho fora de casa do Tricolor Baiano foi de 11 jogos, com uma vitória, três empates e sete derrotas.
* No Botafogo, fora de casa, são quatro jogos, três derrotas e um empate. Um time insosso, que não agride, que tem uma falsa sensação de controle e é vazado sem grandes dificuldades quando o adversário aperta.
* Quer mais um exemplo? Tente lembrar como foi Botafogo 3 x 0 Bahia em 2023 no Nilton Santos. De um lado, Bruno Lage. Do outro, Renato Paiva. O time alvinegro, mesmo com JP Galvão e Segovinha do lado direito, encontrou generosos espaços e fez gols aproveitando erros na saída de bola do rival, que tentava sair tocando curto.
* Imagine uma luta. Um dos oponentes acredita que está tudo equilibrado enquanto os dois estão gingando um contra o outro. Mas, quando é atacado, sua guarda está baixa com frequência. Quando tenta atacar, tem enorme dificuldade de encaixar golpes. É o Botafogo de Renato Paiva, como foi na derrota para o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro.
* Que, não por acaso, lembra a definição de Eduardo Barroca, nos tempos de Botafogo, de que “a bola é um porrete”. De que adianta ter o porrete e não atacar o adversário, ficar especulando, não tomar a iniciativa, não ter coragem? É difícil ver um jogo com a certeza de que o time vai tomar gol e que vai ter muita dificuldade em fazer.
* No futebol e na vida, é preciso ter coragem. Cuca percebeu que seu time pouco fez no primeiro tempo, mudou no intervalo e logo ganhou o jogo. Renato Paiva, mais uma vez, só foi reagir após os 15 minutos do segundo tempo (aos 23!), desta vez depois de perder jogador expulso.
* E cadê a coragem? Artur Jorge, com um a menos desde o início na final da Libertadores, manteve seus principais jogadores ofensivos, quis ganhar e foi premiado. Renato Paiva fez trocas seis por meia dúzia e tirou um ponta para colocar um volante. O Botafogo simplesmente não teve qualquer oportunidade de empatar o jogo. Se contentou em perder de 1 a 0.
* Mais um ponto preocupante com Paiva é que nas coletivas ele cita com frequência erros de seus jogadores, em vez de blindá-los. E aponta erros dele próprio? Pelo contrário. É sempre “o time está evoluindo”, “jogamos bem”, “vamos reagir”. Um técnico tem que comprar tempo com resultados, como dizia Luís Castro, não com explicações.
* Talvez seja cedo para pensar em demissão de Renato Paiva porque a diretoria do Botafogo não lhe deu as melhores condições. O elenco tem carências, ele não pôde escolher reforços e sofre com lesões. Mas já passou da hora do técnico rever seus conceitos e buscar um estilo que favoreça o time no momento.
* E qual é esse estilo? Parece óbvio, o mesmo no qual fez seu melhor jogo no Botafogo, no empate com o Palmeiras. Uma defesa compacta e firme, um meio-campo combativo, um jogo direto, transições, velocidades pelo lado e Igor Jesus sustentando no ataque.
* Só que, quando o Botafogo tenta o jogo direto e de velocidade, o próprio treinador vai contra até nas entrevistas coletivas, pedindo mais posse de bola e paciência. Ou esse descasamento de ideias é interrompido ou o trabalho de Renato Paiva, mais cedo ou mais tarde, que acabará sendo interrompido.