* Luís Castro tem todo o direito de mundo de aceitar uma proposta financeiramente melhor e sair. Provavelmente ninguém discorda disso. Afinal, foi o mesmo que o técnico fez para deixar o Al-Duhail e acertar com o Botafogo. Bastava conduzir o processo de forma transparente com o clube e a com a torcida.
* O sentimento do torcedor do Botafogo é “você pagou com traição a quem sempre lhe deu mão”, música eternizada na voz de Beth Carvalho e cantada nas arquibancadas do Estádio Nilton Santos. Porque Luís Castro vai sair em meio a uma série de contradições, abandonando um elenco que formou e um time líder do Campeonato Brasileiro.
* Para piorar, Luís Castro atrapalhou toda a semana do Botafogo e criou uma série de prejuízos. Uma vitória sobre o Palmeiras geraria dias de repercussão positiva, torcida empolgada, sócio-torcedor crescendo, venda de produtos e estádio cheio diante de Magallanes e Vasco. A indefinição do treinador colocou um freio em tudo isso. Além disso, prejudicou a preparação do time alvinegro.
* Em semana conturbada, o Botafogo ficou apenas no empate em 1 a 1 com o Magallanes. Perdeu a primeira colocação no grupo na Copa Sul-Americana, perdeu a vaga direta, perdeu a premiação da vitória no jogo, perdeu um pouco da conexão da torcida com o time.
* Luís Castro prejudicou também a despedida de Joel Carli, que merecia muito mais. O capitán foi ofuscado e entrou no fim em um jogo completamente atípico, com o Botafogo já com um a menos. Não pôde ser exaltado como deveria porque o treinador estragou toda a semana. Uma pena.
* O que Luís Castro poderia fazer de diferente? Era chegar na segunda-feira, um dia após a vitória sobre o Palmeiras e jogar limpo. Dar entrevista, dizer que tinha proposta irrecusável para mudar a vida, treinar Cristiano Ronaldo, se mostrar triste pela saída e pedir apoio da torcida a Joel Carli e ao Botafogo. Poderia até fazer o último jogo contra o Magallanes, talvez com outro clima. Poderia até deixar a porta aberta, o que definitivamente não acontecerá.
* O torcedor iria ficar irritado e chateado, com razão, mas não com sentimento de ter sido traído. No fim, ia acabar aceitando. São situações bem diferentes, mas ninguém tem raiva de Jeffinho por ter ido para o Lyon.
* Luís Castro segue prejudicando o Botafogo com sua indefinição. Será que vai sair nesta sexta-feira? Quando pagarão a multa rescisória? Como será a preparação para o jogo com o Vasco? Quem vai comandar o time neste período? Quando o clube poderá de fato ir ao mercado buscar outro treinador? São dúvidas que ficam com a saída melancólica do técnico português, com empate frustrante e entrevista coletiva sofrível como despedidas.