O Botafogo atropelou o Flamengo no Nilton Santos e poderia ter aplicado uma goleada histórica, se não fossem algumas falhas nas finalizações e uma boa atuação do goleiro flamenguista. Durante o jogo, ficou muito nítida a superioridade física, técnica e tática dos nossos jogadores, mas a maior diferença existe fora de campo.
Não é segredo para ninguém que, após a chegada do Textor, o Botafogo adquiriu um poderio financeiro muito acima do que sempre teve ao longo das últimas décadas, nas quais vimos times com jogadores sem a menor condição de vestir a nossa camisa. Acontece que falar apenas no montante gasto significa fazer uma análise simplista, que não explica a realidade em toda a sua complexidade. Muito de termos ganho o jogo ontem tem a ver com o brilhante trabalho de mapeamento do mercado que o nosso setor de scouting faz desde 2022. Tomemos o exemplo dos atacantes “reservas” de cada time.
O Flamengo buscou o Carlinhos no Nova Iguaçu para ser o reserva imediato do Pedro (o Gabriel Barbosa tem outro estilo e não é um 9), após ele ter feito um Campeonato Carioca muito positivo, ou seja, o clube fez um movimento simples, que não necessitou de praticamente nenhuma pesquisa mais elaborada. O Botafogo foi buscar o Igor Jesus no Oriente Médio e precisou vencer concorrência para trazê-lo, pois tratava-se de uma contratação sem o pagamento da verba de transferência, “apenas” luvas. Durante o clássico do último domingo, os dois estiveram em campo e o desempenho de ambos deixou ainda mais claro quem fez o trabalho de captação com mais qualidade.
O time que entrou em campo contra o Flamengo teve nove dos onze jogadores custando (somados) ao Botafogo por volta de 50 milhões de reais, sendo, portanto, um valor inferior ao total gasto pelo Flamengo somente com a dupla Léo Pereira (34,2 milhões de reais) e Léo Ortiz (37,59 milhões de reais). Fazendo essa análise, fica ainda mais feia a choradeira dos flamenguistas sobre o, na minha opinião, necessário fair play financeiro.
Será que o Flamengo vai querer discutir de maneira razoável todos os aspectos de um Fair Play Financeiro bem feito? Será que eles vão aceitar a incorporação de dispositivos capazes de equilibrar a distribuição do dinheiro? A resposta muito provavelmente é não, pois o Flamengo NUNCA lutou por um futebol justo, apenas por um futebol que beneficiasse ele próprio acima de todos os outros.
O Botafogo está comprovando que ter dinheiro é importante, mas que saber como gastá-lo de maneira inteligente e assertiva faz com que não seja preciso um orçamento bilionário para a criação de um elenco com qualidade mais do que suficiente para brigar por todo e qualquer título.
Estamos vencendo dentro e fora de campo!