Estava muito bom ver o time ganhando de todo mundo, não é mesmo? A resposta positiva certamente será a mesma caso eu pergunte para qualquer botafoguense, mas será que todos tem a percepção de que aquele período foi algo absolutamente fora da curva (até mesmo para padrões de times mais fortes e estruturados que o nosso)? Creio que não.
O Botafogo do Luís Castro está claramente em um estágio qualitativo bem mais avançado do que estava ao final da famigerada Taça Rio, tendo esse avanço sido construído com muito trabalho e entrega irrestrita dos profissionais (comissão técnica, jogadores e todo o restante do Departamento de Futebol) no dia a dia. Pois bem, vocês acham realmente justo questionar a qualidade do trabalho que vem sendo feito por conta de dois resultados ruins?
Obviamente, as derrotas para Goiás e Athlético-PR tiveram contextos muito ruins, mas não podem servir como base única para uma análise que precisa ser feita de maneira absolutamente criteriosa. Uma coisa é criticar a falta de atenção que estamos tendo na volta para o segundo tempo de jogo, outra é desqualificar tudo que vem sendo construído.
Uma parcela da torcida vem avaliando esse elenco com uma margem para erro completamente irrealista. Não existe time no mundo que ganhe todos os jogos que disputa, e isso deveria ser tão óbvio quanto o Tiquinho Soares ser foda. Ter a noção do tamanho e da complexidade de tudo que precisa ser mudado no Botafogo é essencial para todos nós, pois assim conseguiremos alinhar as nossas expectativas e tentar mitigar eventuais e inevitáveis frustrações.
Já falei e repito: Não podemos colocar nesse elenco o peso das nossas frustrações históricas!
Não será do dia para noite que teremos um clube super vencedor e acostumado com as nuances inerentes aos jogos decisivos. Esse tipo de construção demanda muito tempo, trabalho e capacidade técnica/física/mental. Para a nossa sorte, o futebol é um esporte que abre brechas para que atalhos para as conquistas sejam utilizados, mas a nossa cabeça deve tratar essa possibilidade como algo extraordinário, ou seja, pode acabar acontecendo de levantarmos títulos no futuro breve, mas esse acontecimento não será algo 100% esperado.
O nosso grande objetivo precisa ser não deixar as vitórias nos trazerem a prepotência e nem as derrotas serem os gatilhos para o discurso “nada presta” lamentavelmente arraigado em partes da nossa torcida. Precisamos entender que quase tudo na vida possui um ciclo de construção e que o tempo invariavelmente é um fator primordial para que os objetivos sejam alcançados.
Pode até demorar, mas nós iremos ver o Botafogo dos nossos sonhos virar realidade.