A situação de Bruno Lage era insustentável. O português acumulava decisões questionáveis até chegar a informação de que havia perdido o grupo. Nessas situações não há outra possibilidade, é caso de demissão – e assim foi feito. Era início de outubro e a vantagem do Botafogo na liderança do Brasileirão-2023 era inquestionável. Tanto que houve uma conclusão de que o clube não precisaria contratar um novo treinador.
Havia uma solução caseira e que agradava aos jogadores: Lucio Flavio. Não foi um pedido dos atletas, mas eles aprovaram. Pediram que Joel Carli fizesse parte dessa nova comissão. Entendiam que o ex-zagueiro poderia completar com sua personalidade algo que faltava no interino. E assim foi feito.
Vale aqui ressaltar que os jogadores não tomaram o clube de assalto, isso nunca existiu, não existe e nem nunca vai existir. Há um grupo de pessoas que trabalham no dia a dia e estão juntos nessa decisão. Há uma hierarquia e ela sempre foi respeitada. As decisões sempre foram tomadas de cima para baixo. O que houve foi uma consulta, o que já não deixa de ser um poder raro observado nos bastidores de um clube de futebol.
E, por mais que muitos tivesse apoiado (inclusive eu), o fato é que Lucio Flavio nunca esteve pronto e do tamanho do desafio. Havia um motivo para sua escolha, faria o que havia deixado de ser feito por Lage. Respeitar a característica do time que fez um primeiro turno espetacular. Mas não foi o que aconteceu.
Lucio Flavio tinha uma visão de futebol muito próxima ao do português que havia acabado de deixar o clube. A vitória na estreia contra o Fluminense enganou, parecia que sabia o que estava fazendo. Mas não foi nada disso. Já no duelo seguinte, no empate com o América-MG, começou a colocar demais a mão na massa e virou um “Lage 2.0“. Posse de bola improdutiva e uma defesa para lá de exposta.
Hoje está claro que a decisão não foi acertada. Lucio Flavio foi demitido e com muita razão. Não é o único culpado, mas é o maior deles. Mais que isso. O único que poderia ser alterado neste momento da temporada. Um delírio coletivo e que pode custar caro – esperamos que não.
Faltam cinco finais e, sem o Lucio Flavio, o torcedor do Botafogo, de maneira geral, está muito mais confiante.
