Do topo a um novo ciclo: o Botafogo e o equilíbrio entre certezas e riscos 

Do topo a um novo ciclo: o Botafogo e o equilíbrio entre certezas e riscos 
Vitor Silva/Botafogo

O Botafogo encerrou 2024 como a maior certeza do futebol brasileiro. Campeão da Libertadores e do Brasileirão, o Glorioso retomou seu protagonismo na elite do futebol nacional. No entanto, ao promover uma renovação no elenco e postergar além do previsto a contratação de um novo treinador, iniciamos a temporada equilibrando certezas e incertezas. O ideal seria a continuidade, especialmente no comando técnico, mas a realidade impõe novos desafios.

Renato Paiva está há menos de um mês no comando da equipe, um período insuficiente para implementar completamente sua metodologia, especialmente sem jogos oficiais para testes mais aprofundados. No amistoso contra o Novorizontino, por exemplo, o time apresentou falhas táticas, algo natural considerando a ausência de ritmo de competição. Como não era um jogo oficial, qualquer avaliação extrema – positiva ou negativa – fica comprometida. Cobrar intensidade máxima e atenção em um amistoso antes de uma sequência de 19 jogos em dois meses seria como pedir para Prost tirar o pé para Senna passar.

Mantivemos a espinha dorsal do time campeão de 2024, com nove jogadores fundamentais. A principal característica daquela equipe era o jogo coletivo, no qual mais de 20 atletas marcaram gols no Brasileirão. Nos momentos decisivos, o coletivo fez a diferença: Gregore, por exemplo, conhecido por marcar gols raramente ao longo da carreira, balançou as redes três vezes na reta final, contra Bragantino, Palmeiras e São Paulo. Embora tivéssemos jogadores decisivos, o modelo sempre priorizou a força do grupo.

Esse será o principal desafio de Renato Paiva: encontrar soluções coletivas com as peças disponíveis nessa primeira sequência de 19 jogos. E o coletivo precisará ser mais forte ainda, pois perdemos para esse ano um jogador de desequilíbrio que foi o Luiz Henrique. Em 2024, Artur Jorge teve que improvisar durante esse período inicial, lidando com diversas lesões e um elenco reduzido no ataque. Em determinado momento, o time contava apenas com dois pontas de origem – Luiz Henrique e Júnior Santos –, além de ficar sem atacantes, e precisou adaptar Tchê Tchê como meia-esquerda. Em outra ocasião, Kauê foi titular e marcou um gol.

Com a recuperação dos lesionados, um período maior de trabalho para Artur Jorge e reforços na segunda janela, o Botafogo subiu de nível e conquistou títulos. No Brasileirão, nas 12 primeiras rodadas, foram três derrotas; nas 10 seguintes, apenas duas; e, depois disso, o time não perdeu mais. O início da temporada pode trazer dificuldades, mas aprendemos da pior forma em 2023 que começar como um “coelho de São Silvestre” não garante sucesso. Em 2024, aprendemos da melhor forma que a arrancada ideal acontece a partir de agosto. Para isso, o clube precisa ter objetivos claros nesse início de trabalho:

Brasileirão: Manter-se entre os primeiros colocados até a pausa para o Mundial de Clubes. Provavelmente disputaremos 11 rodadas antes da paralisação. Conquistar 20 pontos em 33 disputados nos manterá na parte de cima da tabela. Em 2024, mesmo com desfalques, permanecemos na briga, com nosso rival da lagoa segurando a flanela da liderança.

Copa do Brasil: O Botafogo jogará apenas uma fase no primeiro semestre, contra um adversário provavelmente de uma divisão inferior. A classificação para as oitavas de final, que acontecem no segundo semestre, é fundamental.

Libertadores: A meta mínima é avançar às oitavas, mas ser líder do grupo e fazer uma ótima campanha para garantir mando de campo nas fases decisivas será um diferencial. No ano passado, decidimos todas as fases fora de casa e, sinceramente, já esgotei minha cota de tensão em estádios adversários.

Thairo Arruda, em entrevista recente, destacou que a comparação do elenco atual deve ser feita com os 23 jogadores relacionados para o início do Brasileirão passado, considerando que ainda teremos a janela de transferências do meio do ano. Minha opinião pessoal é que temos um elenco promissor, mas a ausência de um meia criativo e mais cascudo neste momento é um ponto de atenção. No entanto, como Thairo lembrou, cinco titulares da final da Libertadores chegaram apenas no segundo semestre. A SAF do Botafogo tem como característica assumir riscos e, nos últimos três anos, colhemos bônus altíssimos, mas também enfrentamos ônus, como em 2023.

Que em 2025, voltemos a ser a maior certeza do futebol do continente.

Abaixo a comparação entre os elencos como Thairo Arruda sugeriu:

Comentários