Boa parte da torcida já não aguentava mais – com certa razão – Paulo Autuori no Botafogo. A saída do treinador foi inevitável. O problema foi tudo que veio depois.
O Botafogo se perdeu completamente, apostou errado em Bruno Lazaroni, fez contratações de gosto duvidoso e patinou dentro de campo. Fora, entrou em uma crise de proporções pouco vistas, com debate sobre falência.
Fato é que hoje o Botafogo não tem técnico, preparador físico, auxiliares com tempo de casa (Lucio Flavio é recém-chegado), reforços, S/A, CT ou perspectiva de futuro. Isso às vésperas de um jogo decisivo na Copa do Brasil. E de uma eleição presidencial.
Em que pese Paulo Autuori ter defeitos e erros, no seu tempo a preocupação do Botafogo estava com gols sofridos no fim, excesso de empates e demora nas substituições. Quem dera fossem só esses os problemas hoje.
O treinador acumulava a função de diretor, comandava o futebol do Botafogo, segurava um quase incontrolável Comitê Executivo de Futebol e dava um mínimo de organização ao time, mesmo sem tempo para treinar e então com salários atrasados. Tinha suas teimosias e insistências – como três zagueiros, Rafael Forster e não uso de Lecaros -, por outro lado não usava Cícero.
Autuori, que quebrou sua promessa e hoje é treinador e diretor no Athletico-PR, tinha casca para suportar a enorme pressão. Faltou ao Botafogo a sensibilidade de, se ele não queria ser mais técnico, o mudar de função antes de toda a crise chegar. Ele deveria ter sido o executivo para escolher um novo treinador.