Encontrar Garrincha no hall de um hotel de Buenos Aires é um privilégio para poucos. Imagine então se aproximar do ídolo do Botafogo e da Seleção Brasileira, solicitar uma entrevista e escutar “pergunte qualquer coisa” como resposta do campeão mundial. Foi o que aconteceu com a reportagem do jornal chileno El Gráfico na capital argentina em 1964, quando o jogador ainda era vivo e encantava o mundo com seus dribles.
Durante a afortunada conversa, o Anjo das Pernas Tortas elegeu, entre tantas coisas, seu time, jogadores e gol favoritos, seu rivais mais complicados, revelou seu maior medo e ainda contou quais eram suas comidas, bebidas e artistas preferidos.
Confira abaixo a tradução da matéria recuperada com Garrincha:
Um goleiro:
— Yashin.
Um defensor:
— Nilton Santos.
Um pesadelo:
— Marzolini (ídolo do Boca Juniors e considerado o melhor lateral-esquerdo da Argentina de todos os tempos)
Um atacante:
— Pelé.
Um jogo de futebol:
— Brasil x Rússia (1958).
Um gol seu:
— O primeiro contra a Inglaterra (1962).
Uma vitória:
— Contra o Chile, na mesma Copa do Mundo, fiz dois gols.
O melhor time que fez parte:
— Botafogo de 1962.
Um rival:
— Real Madrid.
Uma lembrança:
— Di Stéfano.
Um árbitro de futebol:
— Yamasaki (peruano).
Uma satisfação:
— Duas. Dois títulos mundiais (1958 e 1962).
Uma premiação:
— Um carro em 1962.
Uma frustração:
— Copa do Mundo de 1950.
Um amigo:
— Joel.
Um político:
— Carlos Lacerda (ex-deputado federal e governador do estado da Guanabara).
Um ator:
— Glenn Ford.
Uma atriz:
— María Félix.
Um filme:
— Qualquer um de Far West.
Uma cidade:
— Rio.
Um atleta:
— Adhemar Ferreira da Silva.
Um tenista:
— Uma: Maria Esther Bueno.
Um medo:
— O avião!
Uma comida:
Churrasco…
Uma sobremesa:
— Pêssegos.
Um livro:
— História do Brasil.
Um desejo/ideal:
— Descansar.
Um hobby:
Os pássaros.
Uma bebida:
— Uísque.
Um cigarro:
— Minister.
Uma mulher:
— Elza…
E o futuro?
— Não é meu, é das minhas oito filhas.

QUE CASAL! Elza Soares e Garrincha durante as férias em Buenos Aires (Foto: Reprodução/El Gráfico)