Uma viagem. Uma viagem internacional com o time do Botafogo. Uma viagem internacional com o time do Botafogo em um avião customizado. Demora um pouco para cair a ficha enquanto observamos cada poltrona sendo preenchida com jogadores, dirigentes, roupeiros e jornalistas. Todas aquelas figuras que estamos todos acostumados na nossa rotina. É bem familiar.
O piloto avisa: a decolagem está próxima. De repente, as mãos ficam frias, transpiram. Bate aquela sensação imediata do tamanho da responsabilidade do piloto. Decorei o nome do capitão Eduardo Pires. Dei aquela rezada como nunca. Afinal, tudo que você ama está reunido em 20 e poucas fileiras. O avião parecia mais pesado. Parecia não, estava. Todos em direção ao Paraguai, no segundo passo rumo ao cobiçado título fora das nossas fronteiras depois de 26 anos. A gente vai sempre acreditar, não tem muito o que fazer. Somos assim.
O avião decola, toma velocidade de cruzeiro, o sinal de atar cintos é apagado. Os olhos passam percorrer cada passageiro. O presidente Nelson Mufarrej, à esquerda do corredor, ocupa a fileira número 1. O gerente de futebol Anderson Barros sentado não ficava e, na maioria da viagem, mantinha os olhos sob os atletas, como um inspetor em excursão de escola.
Não muito longe dali, só que à direita, estava um grupo que chamava atenção. Na janela, Diego Souza dividia sua fileira com os parceiros Cícero e Erik, que “resenharam” durante as duas horas e vinte minutos de voo. Na saída de emergência, para esticar bem as pernas, um trio contrastava com o anterior. Gatito Fernández, Joel Carli e Diego Cavalieri eram pura concentração com seus fones até a aterrissagem.

TRANQUILÃO! Leo Valencia sossegado no voo do Botafogo rumo ao jogo no Paraguai (Foto: FogãoNET)
Tinham aqueles que aproveitavam a oportunidade para descansar, cerravam os olhos e hasta luego. Alguns até abusavam do espaço e da sorte de estar com os assentos livres ao lado. Era o que acontecia na fileira 15, onde apenas um par de meias pretas estavam à mostra no corredor. Leo Valencia ali estava fazendo bom proveito dos seus 1,68m de altura. Mas o chileno não conseguiu dar assistência para o sono profundo e logo despertou para falar todo orgulhoso das obras na sua casa e do amor pela família e amigos no Chile.
O zagueiro Gabriel foi uma das atrações. No início do embarque, foi chamado para se identificar por uma aeromoça, o que já gerou algumas brincadeiras dos companheiros: “Vai ficar aí, hein? Vai de ônibus!”. Uma hora depois, quando trocou o Candy Crush no tablet para mexer no bagageiro 13, não conseguiu fechá-lo de jeito nenhum e, logicamente, foi zoado pela segunda vez. Que as complicações terminem aí. Afinal, voo é voo, jogo é jogo.

COMPLICOU! Gabriel não se entendeu com o bagageiro no avião alvinegro (Foto: FogãoNET)
A aeronave se aproxima da chuvosa Assunção, toca a pista e os gritos de “Fogo!” e “Vamos ganhar, Fogo!” são entoados. A comissária dá as boas-vindas à delegação alvinegra e deseja a vitória ao Glorioso. Um misto de alegria e alívio. Ainda resta muito para missão ser cumprida, para nos trazer aqui na capital paraguaia novamente, mas o privilégio foi imenso.
Saudações alvinegras!