Troféus, faixas, festa, mais festa, premiações, status… A temporada 2024 mágica do Botafogo, com os títulos do Brasileirão e da Libertadores, tem inúmeras consequências e vai deixando seus frutos. A colheita tudo indica que está apenas começando. E um dos efeitos da Glória Eterna é a renovação da torcida além das nossas fronteiras.
Confraternização de amigos de infância, um já tradicional chope natalino no Rio de Janeiro. A cidade, sabemos, recebe muitos turistas nessa época do ano. Lá pela terceira ou quarta cerveja servida pelo garçom Lima, noto que a mesa ao lado, que antes não chamava minha atenção pelo espanhol na conversação, me prendeu por outra cena: uma criança com um chinelo do Botafogo. “De onde é esse moleque? Maneiro o chinelo…”, observei e questionei.
– Como você se chama?
– Julian.
– Bonito chinelo, garoto…
– Ah, ele é Botafogo. Comprei para ele, e o irmão vai ganhar uma camisa do Botafogo – respondeu a mãe, sorridente, já sabendo que tratava-se da aproximação de um botafoguense orgulhoso e que, logo em seguida, quis saber onde era o Estádio Nilton Santos para uma visitação.
Julian Susel tem dez anos, argentino de Buenos Aires e torcedor do River Plate, mas adotou o Botafogo no Brasil. Me contou que ficou encantado com a campanha alvinegra na Libertadores e, principalmente, pela forma heroica como o Glorioso venceu o Atlético-MG e conquistou a América no Monumental de Núñez.
E vá achando que o pequeno não está firme na sua escolha…
– Julian, nessa minha mesa só há torcedores do Flamengo. Somos resistência – mostrei.
– Você tem que ser Flamengo – disseram, como de praxe, alguns amigos rubro-negros para ele.
– Não, vocês nos ganharam na final em 2019 – respondeu, balançando a cabeça negativamente.
Também não pense que o novo botafoguense é da geração modinha que pode vir por aí. Ao falarmos rapidamente sobre tradição e ídolos, Julian, acreditem, foi capaz de citar nada menos que Garrincha.
– Garrincha, o craque do Mundial de 62 – destacou.
Depois dessa eu tive certeza ele era diferenciado. Passado e presente já foram conectados com sucesso. O futuro de Julian, a curto prazo, não é nada chato. Deixou a Cidade Maravilhosa rumo à Ilha Grande, em Angra dos Reis, onde continuará curtindo férias com a família. Só que agora, fincando o chinelo alvinegro nas areias. O Botafogo já o escolheu.