Caminhar pela sede de General Severiano é um convite ao passado de glórias do Botafogo. Ao cruzar quase que diariamente os painéis com fotos dos ídolos que ajudaram a escrever a história do clube, Airton revela a ambição de fazer parte deste seleto grupo. No time do coração, a cobrança é redobrada, e, aos 26 anos, ele admite que só será lembrado pelos títulos. O do Carioca de 2016 é o primeiro na lista de desejos.
“Como torcedor, estou feliz. O ano de 2015 foi importante pelo acesso à Primeira Divisão do Brasileiro, mas não joguei tanto. Este ano começou bem. Apesar de estar em formação, o grupo é unido, está crescendo e pode chegar longe. Meu pensamento é deixar uma marca no Botafogo. De poder voltar no futuro com filhos e netos e ser lembrado pelas conquistas”, disse Airton.
De contrato renovado – até dezembro de 2017 -, o volante é peça-chave no processo de remontagem do Botafogo. Vista com desconfiança no início da temporada, a equipe cresceu e se classificou para a Taça Guanabara com a melhor campanha da primeira fase do Carioca. A mudança na postura do camisa 8 faz parte da evolução do trabalho de Ricardo Gomes.

Foto: arquivo pessoal
Com o desafio de mudar o rótulo de jogador violento que Airton acumulou nos últimos anos, o técnico alvinegro cobra apenas que ele “jogue” futebol e controle o meio de campo. Sincero, o volante reconhece que o passado com entradas desleais o condena, mas pede uma segunda chance aos críticos.
“Já perdi a cabeça em muitas jogadas que acabaram marcando minha carreira. Fiquei rotulado como um cara agressivo e não me orgulho. Ricardo (Gomes) tem conversado comigo e dito que não preciso recorrer às faltas. Tenho que mostrar bom futebol para mudar essa imagem”, disse.
Numa versão “light” e com maior responsabilidade no Botafogo, Airton sonha com vida longa no clube para cumprir as promessas de título à torcida e aos exigentes padrinhos alvinegros, Olga e Dodi.
Motivação no clássico
Airton acredita que o Botafogo atrairá mais atenção dos concorrentes na Taça Guanabara. Último invicto e dono da melhor campanha da primeira fase do Carioca, o Alvinegro reencontrará um “mordido” Flu, derrotado por 2 a 0 no clássico anterior.
“Com certeza, os adversários olharão o Botafogo de outra maneira. Vão estudar para tentar nos neutralizar. O Flu virá forte, mas nossa motivação é grande”, disse.
‘A resposta é dada dentro do campo‘
Até que ponto as críticas e a desconfiança antes do Carioca atrapalharam o Botafogo?
“Não atrapalharam. O grupo foi muito modificado. Somos profissionais. Se vestimos a camisa do Botafogo é por mérito. Sabemos que precisamos melhorar, conquistar os resultados e não ligamos para as críticas. A resposta é dada dentro campo.”
Como você avalia seu momento atual?
“Estou feliz. Comecei bem o ano. O professor Ricardo (Gomes) me acolheu, tem dado muitos conselhos, assim como o Cacá (Azeredo, vice de futebol). Tive o contrato renovado, fiz bons jogos, mas é só o começo da temporada.”
O que falta para os reforços “gringos” decolarem pelo Botafogo?
“Paciência. Percebemos a qualidade nos treinos, mas a troca de país não é fácil.”