Advogado de 62 anos, Walmer Machado é um dos candidatos a presidente do Botafogo na eleição da próxima terça-feira. Líder da chapa verde “Mais Tradicional“, ele tem como vice Carlos Alberto Lancetta e explicou seus planos para o clube em entrevista ao site “GE”.
Acusado de ser contra a Botafogo S/A, ele criticou o atual projeto e apresentou a opção de gestão compartilhada entre clube e investidores. Ele também fez críticas ao ex-presidente Carlos Augusto Montenegro.
– Tudo o que nós sabemos é pela mídia, por intermédio de vocês. Embora conselheiro, nunca tive acesso a informações. Vejo a S/A como importante. Aliás, o Botafogo já possui uma S/A, que administra o estádio Nilton Santos. Já tem uma estruturação pronta e apta para negociar com qualquer investidor – disse.
– Trabalho com direito empresarial, sei que o empresário entra em um negócio visando o lucro. A S/A seria essa fonte, mas enxergamos uma gestão compartilhada entre clube e S/A. O Botafogo não pode perder o controle 100% do futebol. Se o pessoal meter o pé da S/A, não aguentar a pressão da torcida… Uma coisa é uma S/A “normal”, feita só pelo lucro. Outra é administrar uma paixão de 5 milhões de torcedores – acrescentou.
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Situação financeira e críticas a Montenegro
– Embora o presidente Montenegro tenha sido muito importante para o Botafogo, ele comete esses equívocos. O Botafogo não pode ser vilipendiado dessa maneira, dizer que está falido, que é a Ferrari no pântano. Esqueceu de dizer que eles foram os pilotos da Ferrari. Essa dívida de R$ 1 bilhão não bate com o balanço do Botafogo, que mostra em torno de R$ 700 milhões. Parece que você cria dificuldade para exercer facilidade. Quanto maior a dívida, inviabiliza, e ninguém quer.
– O Botafogo é extremamente viável no ponto de vista das finanças. O que não é viável é esse comitê gestor que está lá há um ano ludibriar a torcida com a hipótese de S/A, porque isso tudo não passou de uma fantasia. Toda essa celeuma criada em torno das finanças do Botafogo vem de uma inércia total do clube. Não conseguem patrocínio para a camisa do Botafogo, enquanto nós apresentamos ao presidente a parceria de um banco europeu, chamado Alantra. Um banco em 21 países, com sede na Inglaterra e na Espanha.
– O Botafogo precisa de um freio de arrumação rápido. Temos pessoas de influência para poder ajudar, diferente do mais do mesmo que está no clube desde sempre, sem nada trazer de positivo para o clube. É muito bonito falar de CEO, governança, compliance. É bonito no papel. Sabemos que as finanças, em tese, não serão um problema. Teremos muitos outros problemas. Quem entra nesse pleito, já entra sabendo. Estamos conscientes para ajudar.
Recuperação judicial
– Eles queriam mascarar o insucesso do projeto de S/A deles com uma recuperação judicial, lei 11.101, que conheço bem, modéstia à parte. E recuperação judicial não comporta clubes cuja natureza social seja associação esportiva sem fins lucrativos. Fui o primeiro a falar que tecnicamente não há plausibilidade nenhuma nessa postura. Eles queriam mascarar o que não conseguiram realizar com uma outra mentira. Então, eu não poderia me submeter ao parquinho deles. Não poderia ir no escritório de um advogado que eu não conheço. Advogado só vai no escritório do outro quando é colega ou tem algum acordo que justifique, profissionalmente falando.
– Por que não fizeram em local público, em General Severiano? Para ter publicidade. Se eu vou em um lugar desses, o que vão dizer? “Ah, ele esteve aqui, ouviu isso e aquilo”. E vamos combinar, também, em outubro, a um mês da eleição… Eles têm mais é que ir embora. O que eles querem falar aqui? Justificar o quê? O fracasso? O que nada fizeram? Não fui, não iria e jamais irei em um lugar desses em que eu tenha a noção ou percepção de que queriam criar uma situação de que pudessem dizer: “o Walmer esteve aqui, ele soube disso, falamos para ele”.
– Até porque também poderia apresentar alguns novos projetos para poder me vincular e eu não quis ficar vinculado a ninguém, meu grupo é autônomo, somos a verdadeira oposição. Somos de fora para dentro. Não estamos ligados a grupamento político nenhum. Oito grupos políticos acompanham a colcha de retalhos de um determinado candidato. O outro grupo está há seis anos no poder. Nosso grupo político foi formado a partir de março.
Carta de banco europeu
– A carta foi protocolada e assinada. Estávamos atravessando um momento de pandemia, e um membro de nossa chapa foi na casa do presidente do Botafogo e ele assinou de próprio punho recebendo a carta. Depois, a resposta que foi dada é de que eles não tinham interesse. Queriam que procurasse uma consultoria em São Paulo. O Alantra, que é um banco internacional, teria que procurar uma consultoria em São Paulo porque seria ela quem poderia tomar a decisão do investimento no Botafogo. Aí eles não quiseram e deixaram para lá.
– Então você me pergunta “como é que estão as coisas hoje?”. Estão indo bem e sob controle. Porque exatamente essa nossa ponta, esse super empresário, está mantendo contato com eles, está abanando o tempo todo e eles estão na expectativa de poderem vir caso ganhemos a eleição. Não sei se com outro candidato vencendo eles viriam. Porque como já foram rechaçados no primeiro momento, talvez não quisessem.