A partida de hoje entre Corinthians e Botafogo, às 17h, pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro, terá o técnico Eduardo Barroca como um de seus protagonistas. Antes de assumir o time carioca, ele trabalhava justamente no rival deste fim de semana como treinador do sub-20. Ele ficou quase um ano na função, período que deixou ótimas impressões na diretoria da equipe paulista e iniciou o desenvolvimento de um projeto a longo prazo para que ele assumisse a categoria principal.
Caso não tivesse aparecido o convite do Botafogo, é provável que Barroca estivesse sendo moldado dentro do Corinthians para seguir o caminho traçado recentemente com destaque por Fábio Carille e nem tanto destaque por Osmar Loss, com conhecimento dos processos internos do clube e perfil de jogadores. Não houve tempo. Em abril, ele voltou para o Botafogo e atualmente conduz uma boa campanha que pode, inclusive, tirar a sexta posição do ex-clube na tabela do Brasileiro – o Corinthians tem 24 pontos contra 22 dos cariocas, em sétimo.
Ainda há outro elemento de protagonismo para o treinador na tarde de hoje: parte do que credenciou Barroca a voltar por cima ao Botafogo foi conquistada justamente na Arena Corinthians. Há três anos, em Itaquera, a equipe sub-20 botafoguense levantou a taça do Campeonato Brasileiro da categoria. Muitos jovens que hoje estão no grupo principal, inclusive o técnico, fizeram parte daquele título, alcançado com uma vitória por 2 a 0 (gols de Yuri e Kanu) após empate em 1 a 1 na ida.
Daquela vitoriosa geração, estão no elenco profissional atualmente, além de Barroca, outros 12 dos 33 nomes do grupo, ou seja, 36%. O goleiro Diego, os laterais Marcinho e Fernando, os zagueiros Marcelo Benevenuto e Kanu, os volantes Gustavo Buchecha, Wenderson e Rickson, o meia Yuri e os atacantes Pachu, Lucas Campos e Igor Cássio fizeram parte da conquista.
“Foi muito importante tudo o que a gente viveu no sub-20. Mas não são mais garotos, são homens, já fazem parte do elenco profissional do Botafogo. Minhas escolhas são pautadas em jogadores que vão me dar resultados a curto prazo, sejam eles mais experientes ou mais jovens”, disse, durante a apresentação, Barroca, que completou:
“Sempre falei para os jovens que disputar jogos importantes na base os credenciariam para o profissional. São transmitidos, têm torcida… Eles foram muito bem-sucedidos naquele momento. Conseguiram entregar resultado e performance”.
Marcinho e Buchecha estão sendo titulares. Benevenuto e Kanu têm sido opções diretas às baixas na zaga. Lucas Campos teve chances contra CSA e Athletico-PR e agradou. Sem Pimpão, suspenso, pode ter oportunidade também contra o Corinthians.
Corinthians foi “desafio para crescer”
Além do retorno ao estádio que ficou marcado na carreira dos jovens jogadores, também será uma tarde de reencontro para Eduardo Barroca. O treinador chegou para o comando da equipe profissional depois de uma passagem pelas categorias de base do próprio Corinthians. Entre maio de 2018 e abril deste ano foram 49 partidas, com 31 vitórias, 13 empates e somente cinco derrotas. Um aproveitamento de 72%.
“Vinha trabalhando há um tempo com essa expectativa de assumir o time [profissional do Botafogo], mas o Botafogo seguiu uma coerência normal e escolheu pelo Felipe Conceição [após a saída do Jair Ventura, no fim de 2017]. Ali vi que tinha que me desafiar. Tinha estabilidade, total confiança da direção e isso me trazia conforto como treinador. Tive outros convites, mas quando recebi do Corinthians entendi que era importante me desafiar para crescer profissionalmente”, lembrou.
Na passagem pelo Corinthians, Barroca destacou-se por melhorar os números ofensivos dos jogadores na base. Foram mais de 100 gols marcados em seus 49 jogos à frente da equipe, uma média de 2,41. Ele também indicou e lapidou uma série de promessas atuais do clube. O atacante Janderson, de 20 anos, é exemplo: foi contratado por recomendação do treinador e hoje soma três partidas pelo time profissional, tendo encantado o técnico Fábio Carille.
Aliás, também será um reencontro com Carille, seu amigo.
“Conheço muito bem o Corinthians, afinal, vim de lá (risos). Vamos enfrentar uma equipe muito boa, bem treinada. Aproveito para agradecer já ao Carille, amigo de longa data. Sempre muito aberto o trabalho dele. Ele me inseriu no trabalho dele. Há pouco tempo, acho que há 10 dias, conversamos longamente sobre uma série de coisas. Fez o primeiro passo da carreira de treinador de uma maneira muito cristalina. Me espelho muito na sua conduta”, ressaltou, após a vitória sobre o Athletico-PR, no último domingo.