O período 2010-2012 representou tempos de vacas magras para o futebol carioca. Não pelos resultados esportivos, ao contrário: Fluminense bicampeão brasileiro (2010 e 2012) e Vasco campeão da Copa do Brasil (2011). O mau momento se refletia nas baixas médias de comparecimento aos estádios. A desculpa sempre esteve na ponta da língua: “é a falta do Maracanã”, diziam. “O Engenhão é péssimo. Espera o Maraca voltar para ver só”.
Sempre refutei tal argumento – não por achar o Engenhão excelente. Ao entorno deteriorado, somou-se o descaso que levou à interdição para reformas em sua cobertura. De todo modo, o Estádio Olímpico João Havelange é um estádio como tantos outros, sob qualquer ótica: estrutura, localização, acessos e transporte. Mesmo assim, é de longe o mais rejeitado pela população local.
Vejamos, primeiramente, questões geográficas. Em comparação a outras praças, o estádio não é nenhum ponto fora da curva.
Rio de Janeiro:
Salvador:
Belo Horizonte:
São Paulo:
Gráficos elaborados pelo ilustrador Gustavo Berocan, a quem o Blog agradece.
Percebe-se que o segundo principal estádio carioca, a 11,8 km do centro, se encontra tão “longe” quanto Morumbi (10,4km) ou Pituaçu (10,7km) – estádios de maior aceitação por parte dos torcedores. Em comparação à tão aguardada Arena Corinthians, a 25 km do centro de São Paulo, é como se o Engenhão fosse logo ali.
Mas localização não é tudo. Há que se considerar estrutura viária e existência de transportes públicos que possibilitem a locomoção em condições razoáveis. Neste sentido, o Maracanã tem metrô na porta, alegação irrefutável. Mas o Engenhão fica às margens de uma estação de trens metropolitanos (interligada ao metrô) e da Linha Amarela, uma das principais vias expressas do Rio de Janeiro. O Morumbi, por exemplo, não tem nada disso.
O carioca é acometido por um romantismo um tanto amnésico. A maioria acredita que nos tempos do Maracanã, “eram 50 mil todo jogo”. Não é bem assim. A “era Zico” já passou, embora o mesmo também tenha jogado em estádios vazios. Exceções recentes de Flamengo (média de 40 mil no período 2007-2009) e Fluminense (Libertadores 2008) só confirmam a regra. O Maracanã voltou, e o que aconteceu? A média começou a convergir para o que se verificava no malfadado Engenho de Dentro.
Nas duas partidas contra times de fora (ou seja, excetuando clássicos) o Fluminense apresentou média de 12.220 pagantes com viés de baixa. Com o Botafogo não é diferente: meros 12.929 pagantes em média, mesmo na liderança do Campeonato Brasileiro. É verdade que as duas maiores torcidas da cidade, Flamengo e Vasco, por ora só jogaram clássicos.
E o problema seriam os preços? Não exatamente. Os jogos do Flu tiveram ticket médio de R$ 30 – meros R$ 5 acima do que o Tricolor cobrava no Engenhão em 2012. De certo, o ticket do Botafogo é superior (cerca de R$ 45), mas o clube teve o terceiro ingresso mais caro já no ano passado. A partida Botafogo x Internacional viu encalharem nada menos que 11.876 meias-entradas a R$ 30 cada. Tratam-se de ingressos acessíveis à maioria dos torcedores.
Fecham-se os olhos a uma realidade no Rio de Janeiro: de tempos para cá, há problemas na propensão ao consumo de jogos de futebol pelos cariocas. É necessário um estudo investigando motivos e mensurando o porquê de eventos de todos os gêneros serem sucesso na cidade. Menos o futebol, que hoje vive de lotações circunstanciais e uma profusão de desculpas. Tentativas de justificar o injustificável.

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