Rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, era previsível o fraco rendimento do Botafogo na última rodada da competição diante do campeão da Copa do Brasil, o Atlético-MG, no estádio Mané Garrincha.
Se o time carioca não passa por seu melhor momento, a torcida, por sua vez, não faz tanta questão de acompanhá-lo. Desta forma, visivelmente abatido, o elenco do Glorioso acrescentou mais uma empate à sua campanha marcada pelo alto número de derrotas: 22.
O resultado confronto entre um time previamente rebaixado e um com reservas, embora campeão, foi um dos piores públicos do Mané Garrincha desde a sua reinauguração em maio de 2013. Somente 3.694 pagantes, sendo que mais de 90% pertenciam à torcida do Galo.
Embora em pouco número, era possível ver cumprimentos entre os botafoguenses e até algumas selfies entre as duas torcidas nos corredores do estádio.
“O bom futebol deve funcionar assim. Cada um torce para o time que quiser e a gente se respeita”, disse o administrador Carlos Augusto, no intervalo do jogo.
Dificuldades técnicas
A aposentada Josefa Souza, de 82 anos, assistia ao duelo acompanhada de um binóculo. De acordo com ela, a crise financeira do clube foi o principal motivo para a queda.
Emerson Sheik, Bolívar, Edilson e Julio Cesar foram alguns dos principais nomes que deixaram o clube no decorrer do campeonato. O Botafogo convive com atraso de salários desde o início do ano.
“Os jogadores bons começaram a ser vendidos e ficaram esses que ainda estão aqui”, disse, com a propriedade de quem acompanha o clube há muito tempo. O filho Ediberto Souza mostra-se mais otimista e projeta anos de glória por vir. “Ano que vem seremos campeões da Série B e a Libertadores de 2017 é nossa”, sonha o professor.
Embora o time não esteja correspondendo, Josefa mantém a fé. “É o que qualquer torcedor espera (o acesso). A segunda divisão não é o lugar do Bonatogo”, acredita. A última vitória do Botafogo foi em 25 de outubro contra o Flamengo, na Arena da Amazônia, por 2 x 1.
Olho nele
Em uma partida completamente apática, sem adrenalina e criação de belas jogadas, um jogador conseguiu se sobressair no cenário fúnebre entre o rebaixado e ao campeão da Copa do Brasil: o atacante Carlos, do elenco mineiro, que quase marcou um gol aos 37 minutos do 1º tempo. Este, na verdade, foi o lance de maior adrenalina da partida, a ponto de arrancar gritos da torcida presente no local. Por outro lado, o Botafogo terminou o campeonato sem marcar nenhum gol desde o confronto com o Cruzeiro, na 32ª rodada do campeonato. Na ocasião, o time perdeu o jogo por 2 x 1.
Só para ver o time do coração
Independentemente do resultado, a maior queixa de quem esteve presente na arena candanga foi o futebol ruim apresentado pelos times em campo. Atleticanos, José e seu filho Lucas Ataíde aproveitaram a oportunidade para rever o time do coração, mas sofreram com o jogo.
“Sei que o Galo está com o elenco reserva. Não sei se o Botafogo também. Se bem que o elenco principal deles já é o reserva. Está difícil de assistir, viu?”, brinca o advogado. José sofreu bastante, já que acompanhou o Galo em oportunidades mais agradáveis, como em partidas da Taça Libertadores, no exterior.
Já Edilberto Souza acrescentou que, mesmo com o futebol de baixo rendimento, foi melhor ter ido ao Mané Garrincha. “Prefiro isso aqui do que ver Brasiliense x Gama. Aí sim é futebol ruim”, observa sobre o combalido futebol local.
Tapete deixa a desejar
Dentre as reclamações, outro ponto também foi citado por quem assistiu o duelo: o gramado do estádio, pois próximo a um dos gols era possível visualizar o aspecto queimado da relva.
“Com essa chuva é difícil explicar isso. Há muito tempo não vem um jogo para cá. Não dá para entender e não é possível que os shows tenham desgastado tanto assim o gramado”, observa o comerciante João Ribeiro.
Outras expressões como “está feio” e “precisa melhorar”, foram ditas com frequência pelos torcedores em um vazio Mané Garrincha.