O Botafogo deve hoje 130 milhões de reais à Receita Federal e tem Eike Batista e João Moreira Salles entre seus torcedores. Se cada um dos 3 milhões de botafoguenses doasse cerca de 40 reais, a dívida estaria paga.
“É claro que nem todo mundo teria esse dinheiro para contribuir, mas não importa. O que a gente pretende fazer é pagar essa dívida”, afirma Caio Araújo, fundador do Botafogo Sem Dívidas.
Em entrevista exclusiva a EXAME.com, ele explicou o surgimento e o sucesso da iniciativa – criada na última segunda. Leja aqui os melhores momentos da conversa:
EXAME.com – Como surgiu o Botafogo Sem Dívidas?
Caio Araujo – O Botafogo jogou bem em 2013, mas teve problemas financeiros – o que despertou interesse da gente em ajudar o clube, ali por volta de agosto. Estudamos o sistema da Receita e o Vasco Dívida Zero – que foi nosso grande exemplo. Em dezembro, já estava tudo pronto. Lançamos na última segunda e em menos de 24h, arrecadamos mais de R$ 17.000.
EXAME.com – Por que deu tão certo?
Caio Araujo – O grande lance é que não envolve dinheiro em caixa nem nada. As dívidas sempre estiveram lá. O nosso site é só um concentrador de esforços. O modelo do DARF (Documento de arrecadação da receita federal) é muito seguro e transparente. Essa também é uma das chaves do sucesso da parada.
EXAME.com – Em quanto tempo vocês esperam pagar a dívida?
Caio Araujo – É difícil saber. Temos a meta mensal de R$ 100.000. Nos baseamos no Vasco Dívida Zero, que conseguiu R$ 600.000 em seis meses. Tudo bem que eles têm uma torcida de 9 milhões de pessoas. Mas o Botafogo está num momento melhor – o que pesa muito a favor. Se vamos conseguir pagar a dívida em 5, 10, 15 anos, não dá para saber ainda.
EXAME.com – Vocês já se depararam com alguma situação curiosa?
Caio Araujo – Ah, tem o Andrew Black, que é da Nova Zelândia e torce pelo Botafogo. Não sei se ele morou no Brasil um tempo ou é casado com uma brasileira… Antes, ele queria ser sócio-proprietário e não podia – porque não tinha CPF. Agora, não tem como participar do nosso projeto por não ter conta em banco no Brasil.
EXAME.com – Eike Batista é botafoguense. Será que ele vai ajudar?
Caio Araujo – Já teve gente brincando com isso no Twitter, no Facebook, “vocês podiam emitir um DARF de 1 milhão para ele” e tal. Hoje, um Eike ou um João Moreira Salles, que também é botafoguense, seriam um grande marketing para gente. Mas o principal é pagar a dívida.
EXAME.com – E depois disso?
Caio Araujo – A gente não quer pegar dinheiro do torcedor de outras formas que não sejam o DARF. Hoje, seria muito delicado abrir uma conta, pedir que confiassem no nosso sorriso e fazer um estádio. O torcedor do Botafogo é muito apaixonado – tanto para criticar quanto para ajudar.