Imagine um jogo de futebol com dois times querendo fazer gol na mesma meta. O vencedor seria óbvio. E assim se desenha a eleição presidencial da Ferj na próxima sexta-feira. São duas chapas de situação, e o caminho aberto para que o atual presidente, Rubens Lopes, tenha mais um mandato à frente da entidade.
O candidato inscrito para “concorrer” com Rubinho é Marcio Duba. Nome que encabeça a chapa “Renovação”, ele é filho do presidente do Madureira, Elias Duba, um dos aliados históricos do atual presidente da Ferj. Márcio, inclusive, é funcionário da própria entidade, ocupando a diretoria de tecnologia da informação.
O prazo para registro de candidaturas expirou na sexta-feira passada e não há pretensão de derrubar Rubens Lopes na votação.
– Não há rompimento com o presidente Rubens Lopes, que, em nenhum instante, se opôs à ideia – disse ao Globo o candidato da chapa “adversária”.
A entrada de Márcio Duba no cenário tem dois objetivos prioritários: acabar de vez com qualquer chance de nascimento de oposição e servir como termômetro para o que o próprio candidato classifica como “desenho para o futuro eleitoral”. Em suma, a articulação se dá para testar o quanto Duba (filho) teria de apoio em um cenário que já o projeta como eventual sucessor de Rubens Lopes a partir de 2023.
A chapa renovação, além de contar com um cabeça da atual administração, tem como vice-presidentes dois dos que já ocupam o cargo na gestão Rubens Lopes, Adilson Ferreira e Jorge Teixeira Cardoso.
Entre os clubes que assinaram apoio para o registro da candidatura de Márcio está o próprio Madureira. Mas Elias Duba não pretende votar no filho.
– Como meu filho pediu, eu assinei, embora meu candidato para presidente da Ferj seja o Rubens Lopes – contou o dirigente.
Com os testes feitos e tudo articulado para Rubinho – no poder desde 2007 – se reeleger, não se sabe ainda se a chapa de Márcio Duba permanecerá na disputa até o momento da votação, algo que, segundo o candidato, não foi discutido ainda.
– O mais importante, que fique claro, foi ter esse diagnóstico, de obter os apoios. Em nenhum instante isso entrou em pauta – comentou.
OPOSITOR SEM SUCESSO
Em meio a esse amistoso jogo político, quem se deu mal foi Rogério Manso. O advogado não conseguiu protocolar o registro da chapa e nas últimas semanas bateu o pé argumentando que o processo eleitoral era pouco transparente. Manso chegou a acionar o Tribunal de Justiça na semana passada com o intuito de obter uma liminar que anulasse a eleição. Mas, em resposta na terça-feira, a Justiça respondeu que não identificou “nenhum descumprimento às regras previstas no Estatuto da Ferj para publicação do Edital” da eleição.
Ao mesmo tempo, a juíza Marisa Simões Mattos Passos não se disse competente para tomar uma decisão a respeito da briga eleitoral, pontuando que um Tribunal de Arbitragem da própria Ferj deveria ser a esfera acionada.