Se fosse um restaurante, o Botafogo dificilmente mereceria uma gorjeta pelos serviços. As estatísticas do Footstats confirmam aquilo que a maioria dos torcedores já sabe: é mais fácil achar um bilionário a fim de salvar o clube da falência do que um jogador capaz de deixar um colega na cara do gol. No ranking do serviço de estatísticas, o time de Eduardo Barroca – que nesta segunda, às 20h, encara o Fortaleza, no Castelão – é o último da Série A em passes para finalização. Foram apenas 126 lances em 21 jogos. Por jogo, isso significa que o último passe chega certinho para o arremate em apenas seis oportunidades.
Em assistências que resultaram em gol, o cenário é um pouco melhor: o time é o 11º primeiro da Série A, com 14 passes aproveitados por seus atacantes. Para se ter uma ideia, o Flamengo, que lidera os dois fundamentos, tem 208 assistências para finalização (média de 9,5 por jogo) e 36 finalizações que se tornaram gols neste campeonato.
Essa desconexão se vê na pobreza do ranking de assistências do Botafogo: nele, Rodrigo Pimpão, Marcinho e Jonathan lideram, cada um com duas assistências neste Brasileirão. Mas Jonathan já foi vendido ao Almería, da Espanha.
Desses, só o convocado Marcinho tem escalação garantida na Arena Castelão, que se reencontra nesta segunda-feira com o técnico Rogério Ceni, demitido do Cruzeiro na rodada anterior do Brasileiro.
Como Fernando cumpriu suspensão contra o Bahia, Marcinho deve aparecer mais uma vez no setor ofensivo, a fim de criar oportunidades para Diego Souza – que não tem conseguido muitos gols na base do self-service. O camisa 9 tem apenas cinco até agora. No ano todo, marcou sete com a camisa alvinegra.
Não custa lembrar que a história da vitória do alvinegra sobre o Fortaleza no primeiro turno se construiu apesar da escassez de crônica de assistências. O volante Alex Santana – artilheiro do Botafogo na temporada, com dez gols – conseguiu o gol solitário no estádio Nilton Santos depois de pegar um rebote concedido pelo goleiro Felipe Alves.
Lesionados, Alex Santana e Joel Carli dificilmente estarão à disposição de Barroca. Expulso na derrota para o Bahia, Gilson nem viajou.
Cada vez mais pressionado, Barroca vê o time cair suavemente na tabela – a equipe começou a 22ª rodada na 11ª posição. Se é verdade que o Fortaleza também se aproxima perigosamente da zona de rebaixamento, é também inegável que o clube cearense parece viver o retorno de um velho caso de amor. O clube anunciou ontem o retorno de Ceni, depois de finalizado o acerto.
Ceni é o principal responsável pela melhor fase recente do Fortaleza. Conquistou o título da Série B em 2018 e, neste ano, garantiu o Estadual e a Copa do Nordeste, em 2019. Apesar de ter deixado o clube por quase dois meses para viver uma desastrada passagem por um Cruzeiro indomável, espera-se que o técnico seja recebido como filho pródigo no Castelão. Já na sexta-feira, o presidente Marcelo Paz afirmava que não havia qualquer tipo de rancor em relação a Ceni.
Além da reestreia do técnico, o Fortaleza pode ter outra novidade em campo: o zagueiro Paulão, ex-Vasco e Grêmio, regularizado há dois dias. O prazo de inscrições na Série A se encerrou na sexta, e o Botafogo preferiu não contratar a fim de não arriscar ainda mais as finanças.