Dívida na casa de R$ 1 bilhão, rebaixamento, queda de receitas… Os problemas do Botafogo são muitos. Mas o discurso internamente é de passar confiança ao torcedor e aos potenciais investidores. André Souza, novo presidente do Conselho Fiscal do clube, garantiu que a gestão Durcesio Mello está trabalhando desde o primeiro dia pela criação da Botafogo S/A, preparando o terreno para a chegada de investidores.
– Todas as ações que estão sendo feitas no início dessa gestão levam a esse caminho. Não adianta ter uma S/A e o clube estar num modelo de governança que é feito há mais de 100 anos. O projeto foi iniciado no início do ano passado, mas acaba que com a expectativa, com algumas falas que foram feitas, se criam prazos que não foram cumpridos e isso gera uma certa frustração para o torcedor e para a comunidade do futebol – afirmou Souza, em live no canal “FB TV”.
– Independente se vai ser daqui a um mês, daqui a três meses ou daqui a um ano, (a S/A) é um caminho inevitável. Estudos foram feitos, iniciativas, contatos, modelagens, auditorias estão sendo feitas e serão feitas. Não acontece de uma hora para outra. Não há outro caminho. O trabalho que precisa ser feito está sendo feito, em alguma hora esse projeto irá se materializar e vamos mudar de patamar a questão do investimento – continuou Souza, explicando o conceito de S/A:
– A concepção inicial de S/A é a criação de uma nova empresa, de um novo CNPJ, em que se aportaria recursos de investidores. Essa é uma das formas de se fazer S/A. O que falamos num, plano maior, é a possibilidade de o Botafogo – e todos os clubes seguirão nesse caminho – receber aportes importantes de investidores nacionais e internacionais para que possamos não só criar uma estrutura e uma equipe competitivas, bem como ter a condição de saldar os compromissos atuais e passados.
André Souza lembrou algumas medidas que já foram adotadas em menos de um mês de gestão, como a contratação de Altamiro Bottino e Eduardo Freeland para as áreas científica e de futebol e a contratação da EXEC, headhunter que vai selecionar candidatos para o cargo de CEO. Ele acredita que tais medidas de profissionalização são essenciais para que os investidores se sintam atraídos.
– Estamos falando de uma estrutura que permita a um investidor aportar no clube. O que o investidor olha? Ele olha governança, confiabilidade, risco, retorno, existe uma equação para que o investidor se sinta motivado a realizar esse investimento. Não estamos falando só de um torcedor apaixonado pelo clube, mas de um investidor institucional, que tem interesse de aplicar uma quantia importante. É uma tendência que todos os clubes seguirão, um caminho inevitável – frisou.
CT do Botafogo fundamental para a S/A
André Souza também classificou a construção do novo Centro de Treinamento do clube como fundamental para o processo de modernização e também para o aporte de investidores. O terreno do Espaço Lonier, na Zona Oeste do Rio, foi adquirido com ajuda dos irmãos João e Walter Moreira Salles.
– O CT é um fator essencial para a produção de novos atletas que comporão o time principal e formação para outros times. Temos 116 anos de prática e todo esse conhecimento colocado numa estrutura adequada pode gerar muitos frutos. Vimos que algumas contas em clubes são fechadas por conta da venda de atletas – destacou, deixando uma mensagem de otimismo para o futuro:
– O caminho que estamos seguindo é de um Botafogo vencedor, forte, vitorioso e como referência no esporte nacional e internacional. A torcida do Botafogo é o nosso principal ativo, uma torcida muito forte, resiliente, já passou por algumas dificuldades e vamos passar por essa de novo, com muita luta, determinação, com a bandeira do profissionalismo e da transparência. O trabalho não é fácil, mas o futuro é glorioso.