Psicólogo do Botafogo, Paulo Ribeiro faz um trabalho nos bastidores com os jogadores, mesmo durante a quarentena pela pandemia do novo coronavírus. Em entrevista ao jornalista Daniel Braune, do canal BrauneFogo, o profissional revelou que uma de suas ações no clube foi evitar o uso da famosa frase “Tem coisas que só acontecem ao Botafogo”.
– Na pesquisa que fiz sobre o clube, observei que essa frase era muito marcante. Eu não gosto porque ela me remete ao negativo. Eu preciso fazer com que o meu atleta não fique preso nessa frase. Fui até um pouco criticado quando falei sobre isso. Mas essa frase não cabe a um clube como Botafogo. Eu preciso ter um comportamento mais positivo – explicou Paulo Ribeiro.
Sem treinos presenciais, o psicólogo tem feito um trabalho à distância com os jogadores, integrado à comissão técnica.
— Precisamos nos adaptar a uma nova realidade. Nosso fisiologista Manoel Coutinho criou um formulário para os atletas responderem de maneira rápida. Nesse questionário eu tenho três tópicos sobre como o atleta está se sentindo naquele momento, no pré-treino, no pós-treino. Conseguimos reunir, num único formulário, todas as informações do atleta. Nós temos treinado todo dia às 10h da manhã. Todos os dias, após a atividade, eles respondem o formulário. Se eles respondem uma nota 4, ou 5 no nível de estresse, por exemplo, já entro em contato com o jogador. Deixo os parabéns para o Manoel Coutinho pelo questionário maravilhoso – afirmou.
Paulo Ribeiro contou um pouco mais como é seu trabalho nos bastidores.
— O que mais me incomodava, é quando as pessoas diziam: “O atleta tem um problema. Vai conversar com o psicólogo”. É essa ideia que tinham há 30 anos, como se fôssemos disciplinadores. Hoje, o que mais me incomoda é quando alguém me esconde uma informação. Eu vivo de informação. Esse trabalho só ganha corpo com o tempo. É preciso uma confiança com os atletas. Hoje tenho um nível de relacionamento muito bom com os principais jogadores e muitas vezes eles facilitam a minha comunicação. Já é difícil para o jogador de futebol masculino falar sobre emoção. Os jogaores reproduzem esse imaginário, mas já melhorou bastante – detalhou.