A primeira chance no primeiro minuto do clássico carioca no Maracanã descortinou a proposta do Botafogo para desarticular o rival: jogada pela direita com Edilson e Rafael Marques levando vantagem sobre João Paulo e André Santos e chute com perigo do versátil atacante alvinegro.
Movimentação e toques rápidos e envolventes para impor a nítida superioridade técnica sobre um Flamengo mais sólido e aguerrido sob o comando de Jayme Almeida.
Mas também com variações táticas. O novo técnico aos poucos desmontou o 4-3-3 que Mano Menezes vinha utilizando e, com as mesmas peças, armou um 4-4-2 que o ex-treinador também tentou, porém sem a mesma entrega dos comandados.
Carlos Eduardo fica solto para se movimentar às costas dos volantes adversários e pouco contribui defensivamente. Até o artilheiro Hernane se sacrifica na marcação e colabora com a linha de quatro no meio-campo que tem Paulinho, Elias, Amaral e André Santos.
Funcionou até abrir o placar em jogada bem trabalhada concluída por Hernane, artilheiro do “novo” Maracanã, do Flamengo na temporada e no Brasileiro. Com o recuo natural, o time rubro-negro perdeu a transição rápida pois não tem uma referência de velocidade na frente. O Bota acertou a marcação sobre Carlos Eduardo com Marcelo Mattos e ganhou espaços para avançar as linhas, tocar a bola e girar as peças.

Seedorf procurou o lado esquerdo para articular e abrir espaços para as infiltrações de Gegê às costas de Amaral. Funcionou no gol de empate no final do primeiro tempo. Movimentação, passe do camisa dez e gol de mais um jovem revelado no clube.

A senha para a virada na segunda etapa. Novamente pela esquerda. Passe do holandês, assistência de Gegê e gol de Rafael Marques, entrando em diagonal e se antecipando ao frágil João Paulo. O camisa vinte ainda acertaria a trave de Felipe em bela conclusão.
Jayme tem em André Santos e Carlos Eduardo duas das referências técnicas dentro do limitado elenco do Fla. Mas ambos cansam rápido. Deram lugar a Luiz Antônio e Bruninho. O Flamengo voltou a atacar em bloco, mas perdeu qualidade na troca de passes e passou a apelar para as ligações diretas e centros para a área. No total, 23 cruzamentos e 40 lançamentos do Fla (Footstats). Mais 19 finalizações que deram trabalho ao goleiro Renan e mantiveram o clássico emocionante até o final.

Oswaldo de Oliveira perdeu a paciência com Henrique, que entrara na vaga de Alex, e mandou Hyuri a campo. Já trocara Gegê, extenuado, por Dedé. Inspirado, Seedorf ajudou na recomposição, reteve a bola na frente e distribuiu o jogo. Foi disparado o jogador que mais teve a pelota ao longo dos noventa minutos: 2 minutos e 12 segundos. Responsável direto pela superioridade alvinegra na posse: 58%. O melhor em campo na virada histórica – o Botafogo não vencia o Flamengo em edições do Brasileiro desde 2000.

A sequência de resultados negativos abalou o time e mandou o técnico para o hospital. A comoção, porém, mobilizou novamente o Botafogo que volta à vice-liderança. Também retorna à essência da ótima temporada: comando de Oswaldo de Oliveira fora de campo e de Seedorf nas quatro linhas.
Assim é um dos melhores times do país e deve levar o clube de volta à Libertadores em 2014.