Se três dias ainda não foram suficientes para Vágner Mancini deixar o time do Botafogo com a sua cara, ao menos permitiram que ele mostrasse um pouco do seu estilo de comandar. Com tom de voz firme no campo, durante os treinos e na sala de imprensa, nas entrevistas, o comandante alvinegro, apesar do sorriso fácil e do jeito boa praça, valoriza algumas palavras-chave que expõem seus conceitos, como “cobrança”, “comando” e “decisão”.
Perguntado sobre como estaria lidando com a convivência com o antecessor — e atual auxiliar — Eduardo Hungaro, Mancini foi enfático. Admitiu que irá ouvir o companheiro de comissão técnica, mas fez questão de ressaltar que a palavra final é sua.
— Vi sinceridade nos olhos do Hungaro. É um cara de caráter. As decisões e o comando são meus, mas acho bom ter humildade para ouvir quem está próximo e pode passar coisas importantes — disse.
Mancini, de 47 anos, também falou abertamente sobre as cobranças que faz aos jogadores.
— Procuro passar a todos que aquilo que o time titular faz, o reserva precisa fazer também. Quando eu puxar alguém da equipe de baixo para a de cima, ele já tem que saber o que quero. Essa cobrança faz parte. Não tem esporte de alto nível sem cobrança forte. Passei a característica de comando que tenho. Sou de diálogo, passo informação, mas cobro também. Não na frente de todos, mas lá dentro, onde são feitas as cobranças — ponderou o treinador.
Apesar de reforçar a importância da disciplina, Mancini mostrou ontem seu lado camarada. Debaixo do calor que fez ontem de manhã no Rio de Janeiro, ele poupou os jogadores nos momentos de recompor a defesa durante o treinamento.
— Podem voltar andando. Hoje (sexta-feira) não vou cobrar que corram — disse.