Após muita polêmica e até decreto do prefeito, Botafogo e Fluminense tiveram acatado de forma parcial um pedido de liminar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Ambos queriam entrar em campo pelo Campeonato Carioca apenar a partir do dia 1º de julho, mas vão jogar agora no dia 28, próximo domingo, após decisão do presidente do STJD, Paulo César Salomão Filho.
Em entrevista à Rádio Globo na noite desta terça-feira, Salomão Filho deu a entender que Botafogo e Fluminense haviam concordado em entrar em campo no dia 28, após uma sessão de mediação entre todas as partes envolvidas, com a presença de médicos e especialistas. Segundo ele, a decisão tomada foi fazendo um meio-termo entre o que havia sido decidido em arbitral e o pleito da dupla.
– O Fluminense colocava que o ideal era jogar, de acordo com os fisiologistas, a partir do dia 1º. Porém, havia uma informação de que não seria o ideal, mas que seria possível entrar em campo no dia 28. Não era o pedido deles, mas era uma possibilidade. Entendi que poderia se chegar num acordo, a Federação pedia para que a Taça Rio terminasse no máximo dia 1º e Botafogo e Fluminense diziam que antes de 28 não poderiam participar. Tentei um acordo entre as partes, quase se chegou, e aí tomei uma decisão “intermediária”, fazendo uma ponderação, buscando equilíbrio e razoabilidade dentro dos pleitos que foram apresentados – afirmou Salomão Filho.
O presidente do STJD explicou também que era importante respeitar a decisão da maioria dos clubes, apesar de entender os argumentos de Botafogo e Fluminense. A rodada já havia sido adiada depois que um decreto do prefeito Marcelo Crivella proibiu jogos no Rio de Janeiro até quinta-feira.
– O objetivo da mediação era tentar chegar a um acordo. Entendi que um acordo seria melhor do que deixar um terceiro, no caso eu, decidir o tema. Eram poucos dias de diferença. Os clubes, principalmente os pequenos, não queriam avançar o calendário no mês de julho sob o argumento de que teriam de pagar mais uma folha salarial num momento tão difícil da economia. Lá em maio fizeram um arbitral e entenderam que o retorno deveria acontecer tão logo as autoridades permitissem. Botafogo e Fluminense, com as razões deles, ao invés de cumprir a decisão da maioria, resolveram manter a recomendação do isolamento social e não voltaram. Não vou entrar no mérito se estavam certos ou errados. Eles terão um déficit físico, disseram na reunião de sexta que não entrariam em campo no dia 22. E por isso a decisão acabou na Justiça Desportiva – disse Salomão Filho, completando:
– Ao contrário dos anos anteriores em que o calendário era muito denso, não era necessário agora esse “açodamento” para amarração das datas. Entendi que poderia chegar a um meio-termo. As decisões do arbitral, da maioria, em regra devem ser respeitadas. É claro que a justiça desportiva deve sempre conter os abusos e principalmente tentar dentro do possível chegar num meio-termo.
Sem tempo para recorrer
Paulo César Salomão Filho explicou ainda que não acredita que haja mais discussões sobre o tema no STJD, já que não há tempo hábil. Botafogo e Fluminense, por sinal, já se manifestaram dizendo que acatarão a decisão, apesar de não concordarem com ela.
– Não haverá tempo hábil para que o Pleno do STJD se debruce sobre o mérito da questão, sobre ratificação ou eventual modificação da liminar proferida hoje. A princípio a questão está, de fato, definida. Toda decisão do presidente é posteriormente submetida ao órgão colegiado, mas a questão jurídica de fundo perde o objeto quando as partidas se realizarem. A partir do momento que joguem no dia 28, a decisão concretiza seus efeitos – explicou.