A boa campanha do Botafogo no Campeonato Brasileiro – a melhor da era dos pontos corridos – deixa o torcedor empolgado e anima um ex-jogador com passagem pelo clube. Trata-se de Valdir Bigode, que defendeu a camisa alvinegra no conturbado ano de 1999. A trajetória do ex-atacante em General Severiano esteve longe de ser vitoriosa, mas um episódio em especial marca o antigo camisa 7 do Botafogo até hoje. Valdir foi agredido com uma voadora por um torcedor que invadiu o gramado do acanhado estádio Caio Martins durante derrota para o Internacional em setembro daquele ano.
Os tempos no Botafogo são outros, com melhores resultados e protestos longe do clube. Valdir Bigode comemora a virada alvinegra e só lamenta ter passado por General Severiano em um momento em que nada dava certo dentro de campo. “Foi muito conturbado. Para mim, foi muito ruim. Para o Botafogo também”, comentou Valdir.
No Brasileirão de 1999, o Alvinegro contava com nomes como o goleiro Wagner e os meias Rodrigo e Sergio Manoel. Em má fase, o clube só se salvou do rebaixamento por causa de um complicado método de média de pontos e da decisão de tirar três pontos do São Paulo e entregá-los ao Botafogo pela escalação irregular de Sandro Hiroshi. O Botafogo terminou na 14ª posição, com campanha de oito vitórias, dois empates e 11 derrotas – foram 23 gols a favor e 37 contra nestas 21 partidas.
Um dos mais contestados daquele Campeonato Brasileiro foi Valdir, vítima da ira da torcida na noite de 4 de setembro. O atacante marcou o primeiro gol contra o Inter, mas viu o time sofrer a virada por 3 a 2 – o Botafogo ainda descontou no final – e passou a ouvir vaias insistentes. Pressionados, os jogadores da equipe foram atacados dentro de campo por alguns torcedores que pularam o alambrado.
Na confusão que durou cerca de 20min, Valdir Bigode foi um dos alvos escolhidos. Antes de a polícia agir para proteger os atletas, o atacante levou voadora, que o atingiu nas costas. “Um torcedor invadiu o campo e me acertou. Conversei com os policiais depois sobre a agressão e acabou resolvido da melhor forma. Não prestei queixa na delegacia. Falei com alguns torcedores depois do jogo e mostrei que também estava insatisfeito com a campanha do Botafogo”, lembrou o ex-atacante, agora com 41 anos.
O Botafogo mantém clima calmo em 2013 e deixa longe a possibilidade dos protestos. Para Valdir, a cobrança da torcida é benéfica para tentar iniciar uma reação. No entanto, uma agressão como a que sofreu no gramado do Caio Martins não ajuda em nada. “O torcedor pode xingar, rasgar camisa, virar de costas. Tudo isso é legal. Mas não acho que tem que agredir. O jogador não quer perder gol, mas, às vezes, não consegue fazer”, ressaltou.
Valdir exalta a boa campanha do Botafogo nesta temporada. A liderança do time no Brasileiro e o bom momento contrastam com a situação que viveu há 14 anos. Em meio ao trabalho como treinador do time de juniores do América-RJ, o ex-atacante tem tempo para analisar a boa fase alvinegra.
“O Botafogo sofria demais, mas se preparou para conseguir melhorar e isso está acontecendo. O time vive um ano maravilhoso e uma sequência pode ser capaz de garantir o título”, encerrou Valdir Bigode.