Alicia Klein diz que Botafogo ‘está pagando conta para atender Lyon ou quitar dívidas feitas por John Textor’: ‘Vimos desmonte acontecer’

Alicia Klein, do UOL

Mais uma comentarista do “UOL” criticou a situação financeira do Botafogo. Alicia Klein questionou ainda não terem sido pagas premiações dos títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores, conquistados em 2024.

Aproveitei muito bem as minhas férias, queria ter aproveitado mais, mas não nasci herdeira, os boletos não esperam. Então estamos aqui, assim como os boletos dos jogadores do Botafogo, um pessoal que tem um pouco menos de dificuldade de pagar boleto, ganha bem. Então a gente nem sempre tem aquele mesmo grau de empatia com outras pessoas que ficam sem receber salário, mas o fato é que há vencimentos atrasados, não só em relação aos jogadores que ainda estão lá, como jogadores que já saíram. O próprio Bruno Lage, que foi treinador do Botafogo durante alguns meses, hoje está no Benfica, também tem cerca de R$ 3 milhões ainda para receber do Botafogo. E o clube soltou essa nota se esquivando e tentando botar a culpa empresário em jogadores que já saíram. A verdade é que os jogadores que já saíram também devem receber e têm que receber no prazo que foi combinado, não muda nada o fato de eles não estarem mais no clube. E pelo que também se apurou, pelo que a gente tem ouvido, são jogadores muito unidos, jogadores que viveram ali juntos o ano mais importante da história do Botafogo. Então, mesmo que eles já tenham saído, foram muito importantes, venceram, comemoraram esses títulos juntos, então todo mundo vai querer receber aquilo que lhe é devido – declarou Alícia Klein, em live no “UOL” nesta sexta-feira (10/1).

E aí fica um incômodo maior, porque tem essa coisa da SAF, da estruturação, do profissionalismo, toda a banca colocada pelo John Textor, e de repente é um clube que entra naquele padrão que a gente já conhece de muitos clubes brasileiros, de devo, não nego, pago quando puder. O Botafogo disse que recebeu o dinheiro só no dia 27, mas enfim, vem aquelas conversas de fluxo de caixa e os jogadores estão chateados, e é uma pena que a gente veja um clube que teve um ano tão vitorioso, tão importante, começar 2025 com uma notícia dessas de os jogadores estarem a ponto de ameaçar não se apresentarem, não se reapresentarem, por conta de questões financeiras, para um clube que recebeu imensas premiações no ano passado, com a vitória do Brasileiro e da Libertadores. Então, certamente, é um começo de ano um pouco diferente do que a torcida do Botafogo esperava, e a gente sempre espera que clubes e empregadores em geral cumpram com as suas obrigações e paguem os trabalhadores, afinal, os jogadores também são, porque eles ganham muito bem, que eles podem ficar sem receber. Então, um começo de ano complicado para o Botafogo – acrescentou.

A jornalista creditou a questão do Botafogo a problemas financeiros do Lyon e a dívidas feitas por John Textor.

Voltando para o meu ponto inicial, não importa se o jogador já saiu, não importa se eles acham que é querer causar confusão, o que importa é que há dinheiro que não foi pago, há premiações que não foram pagas, há dinheiro que está atrasado. E a gente sabe que é prática em muitos clubes priorizar quem vai pagar, né, então renegociação de dívida é um pouco isso, você entra numa fila, você tem os seus credores e você começa a fazer aqueles pagamentos paulatinamente. E muitos clubes, quando não têm dinheiro para pagar todas as suas dívidas, vão priorizar quem? Quem está no elenco, porque é jogador de quem você precisa amanhã. E aí quem já saiu, que lute, que espere você pagar a hora que der. E aí a gente entra num processo que desmonta um pouco essa ideia idílica da SAF, que a SAF é a solução para todos os problemas, que não deveriam nem existir no caso do Botafogo. O Botafogo, inclusive, está pagando parte dessa conta com a saída de diversos jogadores, ou para atender o Lyon na França, ou para poder quitar dívidas feitas pelo John Textor. O que a gente está vendo agora é só uma parte deste problema das dívidas, que agora chega dentro de campo, a partir do momento que os jogadores se revoltam e ameaçam não jogar, essa notícia fica mais próxima, ela fica mais palpável para quem torce, para quem acompanha – argumentou.

E é uma coisa que eu falo no caso de outros clubes também, o Corinthians está numa situação semelhante com o atraso de pagamento, não dá para normalizar não pagar salário. É claro que faz muito mais falta para uma pessoa comum que recebe um salário mínimo do que para quem ganha centenas de milhares de reais. Mas há um compromisso estabelecido por clubes que ganham muito dinheiro. São clubes que muitas vezes são pessimamente administrados, mas que faturam muito alto. E a partir do momento que você tem um compromisso, você tem uma premiação, você diz que aquela premiação vai ser paga até tal dia e você não pagou, o problema não é quem está cobrando, o problema é quem não pagou. E aí o Botafogo, a meu ver, soltou essa nota querendo colocar a responsabilidade na imprensa de apurar o que de fato está acontecendo e nas costas dos jogadores por estarem cobrando algo que lhes é devido. Acho complicado e acho que quanto mais os jogadores se unirem, mais difícil vai ser para clubes fazerem isso, que se tornou praxe no futebol brasileiro, que é atrasar salário, ou atrasar a premiação, o FGTS, 13º. É direito dessas pessoas receberem. E o Botafogo está tratando isso de uma maneira muito suave, a meu ver, precisaria se responsabilizar um pouco mais, porque imagina o problema que é você chegar numa reapresentação no início de temporada e os jogadores se recusarem a aparecer porque não receberam aquilo que lhes é devido. É muito ruim, especialmente na sequência de um ano tão bom, mas que já foi, que a gente já viu um desmonte acontecer na sequência. A gente vê o quanto é difícil ter um trabalho de longo prazo bem sucedido no Brasil – finalizou.

Fonte: Redação FogãoNET e UOL

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