Keisuke Honda jogou no Botafogo em 2020, chegou com alta expectativa, mas não teve grande desempenho. Fora de campo, virou notícia muitas vezes pela questão cultural e pelo jeito peculiar. Desta vez, foi a vez do técnico Eduardo Barroca contar uma história curiosa sobre o japonês.
Ao “Flow Sport Club”, Barroca revelou que barrou Honda uma vez porque o japonês tentou interferir na forma de jogar da equipe. O treinador não aceitou e manteve sua tática, em partida que o Botafogo foi goleado por 4 a 0 pelo São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro.
– Quando cheguei no Botafogo, Honda e Kalou já estavam. Trabalhei quatro vezes no Botafogo, as duas últimas como técnico no profissional. Em 2020 faltavam dez jogos, o Botafogo estava em situação muito difícil. Foi convívio tranquilo. Em um primeiro momento, tem história do cacete com Honda. Meu auxiliar vai ficar puto, foda-se ele (risos). Estava no Vitória, cheguei no Botafogo, um dia depois deu Covid. Aí pegávamos o Flamengo. Meu auxiliar que ia dirigir o time, jogamos bem, perdemos por 1 a 0, o Marcinho foi sair jogando, perdeu a bola, tomamos o gol do Everton Ribeiro. Na quarta pegávamos o São Paulo. Na segunda recebo um WhatsApp, vídeo do Honda pelo tradutor dele, meio que se apresentando, não tinha tido convívio comigo, e dando ideia de como deveríamos jogar contra o São Paulo. Me relatavam que ele dava opiniões culturalmente e mexia no quadro tático. Pensei “vai tomar no cu, monta o time dele e vai treinar o time”. Falei para o Felipe (Lucena) meu auxiliar “tira ele, vamos botar outro jogador”. Felipe falou “bem na minha vez você pega Covid e tenho que tirar o japonês?”. Fomos jogar contra o São Paulo, do Fernando Diniz, voando, fizeram 2 a 0 rápido, Benevenuto expulso com 20 minutos do primeiro tempo. Meu auxiliar falou que ficou desesperado, olhava para o relógio só passavam 30 segundos. Olhava para o campo, o São Paulo tocando bola, à direita o Fernando Diniz pilhado como em uma final de Copa do Mundo, olhava para trás o Honda puto. Não sabia para onde olhar. Mas depois fizemos amizade legal, nos falamos de vez em quando – contou Barroca, aos risos.
O técnico, que hoje está sem clube e dá aula para outros treinadores em curso da CBF, falou mais sobre o Botafogo.
Leia abaixo:
Demissão em 2019
– Já passei por um clube em que oscilamos resultado e um dirigente falou frontalmente que precisávamos vencer o próximo jogo, porque a pressão de fora para dentro era grande, se não ganhássemos eu seria demitido. A escolha não tinha a ver com o que estava sendo desenvolvido. Foi no Botafogo em 2019, estávamos em quinto, sexto, acima da prateleira. Oscilamos, mas eu jovem não poda oscilar. O (diretor) Anderson Barros falou frontalmente, é um processo de cima par abaixo, precisávamos vencer o Fluminense. E perdemos. Na conversa após o jogo, seis ou sete jogadores invadiram e pediram para o trabalho não ser interrompido. Depois nos acertamos, conversamos e entendemos que tínhamos que romper ali.
Memórias como torcedor
– Futebol não é só resultado. No nosso histórico de jovem, nem sempre nossos melhores momentos foram só o título. Lembra um gol, um lance. Eu era botaoguense quando jovem, uma das melhores memórias que tenho é o gol de barriga do Renato (Gaúcho). Estávamos indo embora, ficamos só para olhar o último lance pelo túnel, Ailton fez a jogada e saiu o gol. Eu era botafoguense, mas lembro tudo desse FlaXFlu. Em 95 o Botafogo foi campeão brasileiro, eu fui na final com o Santos, dia de muita chuva, não consegui entrar no início. Mas minha memória lembra mais o título do Fluminense.
– Tenho uma memória também da final da Taça Guanabara de 95, o Flamengo ganhou por 3 a 2, três gols do Romário com o braço quebrado. O Romário fez dois gols no primeiro tempo, o Adriano, que veio do São Paulo, fez dois e empatou o jogo. Mas no fim o Romário fez outro. Ele foi pertinho de mim com o dedo pedindo silêncio. Filho da puta. Estamos falando de sentimentos, sou profissional do futebol, mas isso vive na minha memória.
SAF
– Vejo como uma puta oportunidade, espetacular investirem e apostarem no futebol brasileiro. Vai aumentar o nível de corte, do padrão de excelência que todas as áreas vão ter que. Naturalmente se abre processo seletivo mais apurado. Tenho dúvida em primeiro momento de que tipo de problemas isso pode ter, um indicativo foi a situação do Fábio. Divido o processo em dois momentos, os clubes de massa e os clubes que não têm massa por trás. Como gerenciar crise, quando torcida quer pichar muro, ir a aeroporto, invadir CT? Como vão lidar com isso, que é cultural no futebol brasileiro e já deveria ter acabado? Pode ser um problema a curto prazo, mas passando disso… Também acredito em polarização. Na Série B tem times com obrigação e expectativa de subir: Cruzeiro, Grêmio, Vasco Bahia e Sport, cinco campeões brasileiros. Tem de três a cinco que brigam no meio do caminho, como Ponte Preta, Guarani e Chapecoense. Mais uma série de equipes que entram apenas com objetivo de permanência. Se for olhar, são clubes estruturados. A camisa vai fazer cada menos a diferença. Se pensar na Série A, pelo nível de investimento, tem Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras e Corinthians mais à frente. E temos, na minha cabeça, oito a dez equipes que entram com objetivo primário permanecer na Série A. Mas não é fácil falar isso, nenhum torcedor quer ouvir sobre a real prateleira.
Veja o vídeo:
Deve ter sido realmente uma graça conquistar um aproveitamento de incríveis 11% no Botafogo, com 10 derrotas em 12 jogos, rebaixando o clube.
É, Barroca, era capaz do Honda, de treinador, ter conseguido mais pontos do que você… pic.twitter.com/f2QxlCYFSw
— Museu do Fogão 🔥 (@MuseuBFR) January 9, 2022