Tem toda razão o presidente do Botafogo Durcésio Mello quando reclama da falta de premiação em dinheiro para o campeão da Série B do futebol brasileiro.
Porque é mesmo um absurdo que o vencedor de uma competição tão disputada, que este ano teve cinco campeões nacionais lutando por vaga entre os quatro primeiros, receba como única gratificação o direito de entrar na terceira fase da Copa do Brasil do ano seguinte.
Não custa lembrar que em 2020, ano comprometido pela pandemia, a CBF faturou R$ 716 milhões em direitos de transmissão, patrocínios e dinheiro que ainda vem do Fundo de Legado da Copa do Mundo de 2014.
A entidade mostrou no seu último balanço anual que 523 dos R$ 716 milhões foram gastos com competições que promove e com a seleção brasileira.
Ou seja: não é por falta de espaço no orçamento.
Principalmente se levarmos em consideração que em 2019, um ano sem o impacto da Covid, a CBF pôs R$ 957 milhões nos cofres, gastando quase o mesmo de 2020 – R$ 535 milhões.
Com a modernização dos modelos de gestão em clubes regionais caiu a diferença que os separava dos grandes nacionais – principalmente dos que não se equilibraram entre receita e despesa.
E essa nova configuração do futebol nacional transformará a Série A numa competição a cada ano mais difícil na parte de baixo da tabela, com chances cada vez maiores de despejar na Série B as grandes marcas.
Em 2020, o Cruzeiro bateu e ficou.
Em 2021, o Vasco.
E em 2022, ao que parece, poderemos ter a presença do Grêmio e de mais um campeão nacional.
E reparem que caminhamos para um desfecho muito parecido com o o Brasileiro de 2020 num aspecto muito significativo: três dos quatro clubes que emergem da Série B, três permanecem – na temporada passada, dos quatro que subiram em 2019, apenas o Coritiba voltou para o andar de baixo.
Bragantino, Sport e Atlético-GO ficaram.
E este ano, dos quatro promovidos em 2020, a Chapecoense deverá ser a única rebaixada, com Cuiabá, América-MG e Juventude ficando mais um ano entre os maiores.
E é evidente que isto reflete no grau de complexidade da Série B.
Portanto, se a CBF tem mesmo o interesse de trabalhar pela melhoria da qualidade do futebol brasileiro, está mais do que na hora de rever a política orçamentária e instituir uma premiação mais justa aos primeiros colocados da Série B….