Com indefinição do Crystal Palace na Liga Europa, John Textor nega ter influência decisiva: ‘Se eu tivesse, metade do time do Botafogo que venceu PSG estaria lá ano que vem’

John Textor, do Botafogo
YouTube/TalkSPORT

A manutenção do Lyon na Ligue 1 e na Liga Europa abre um problema para o Crystal Palace, que pode ficar sem vaga na competição europeia por ter John Textor como acionista (ele está em fase final de venda da sua parte). O empresário norte-americano negou ter influência no clube, o que seria um dos itens primordiais nas regras da Uefa.

– Você (apresentador) disse que eles seriam rebaixados para a Liga Conferência. Bem, eles podem ser. É, eu sei. Mas sou burro e bem-sucedido o suficiente para não prever com antecedência o que um órgão regulador vai dizer. Às vezes, tenho tanta certeza de como sairíamos de uma audiência com a DNCG ou com a UEFA… Então, nunca, jamais, jamais tente prever o que eles vão fazer. Acho que é um insulto para eles. Acho que eles merecem fazer isso, e não quero prejulgar. Mas o que eu acho que vai acontecer? Acho que essa conversa sobre confiança só vale se você tiver influência decisiva – ponderou Textor, ao podcast “TalkSPORT”.

– Se eu tivesse influência decisiva, metade dos jogadores brasileiros que acabaram de vencer o PSG no Mundial de Clubes estaria no Crystal Palace no ano que vem. Mas você não vê um único jogador da nossa rede de clubes que tenha chegado ao elenco do Palace, o que é a fonte da minha frustração com a falta de colaboração que temos conseguido ter com o Crystal Palace. Então, qual foi a sua influência no Selhurst Park? Eu ajudo. Eu ajudo muito, né? Eu apareci durante a Covid, paguei a dívida, ajudei terminar a academia (base). Estou lá no conselho com outros quatro caras. (Steve) Parish está tomando decisões. Ele está nos trazendo jogadores. Ele nos envolve, mas não nos ouve de verdade. Ele ouve, mas uma sugestão de vez em quando não é o mesmo que uma influência decisiva. Acho que somos o multiclube mais colaborativo do planeta. Fizemos cerca de 40 trocas entre nossos clubes só nos últimos 18 meses, e nenhum jogador dos Eagles foi parar no Palace. E eu te digo, se você olhar a forma como montamos aquele time do Botafogo, com jogadores da segunda divisão do Japão, da segunda divisão do Paraguai, pagando US$ 2 milhões e US$ 3 milhões para os caras, e acho que somos os únicos que não sofreram gols (do PSG). Não sei. Vou entender ao contrário. Acho que somos o único time que marcou contra o PSG durante o Mundial de Clubes, e provavelmente somos o único time que não sofreu nenhum gol. Esses jogadores estariam no Palace se eu tivesse alguma coisa a ver com isso – argumentou.

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Responsabilidade se Crystal Palace ficar fora da Liga Europa

– Bem, acho que todos nós, como donos, assumimos. Mas também li a regra. Então, por favor, leia a regra você mesmo. Todo mundo está falando sobre isso. É tão óbvio. A regra é muito clara. Se você tem influência decisiva, talvez precise considerar isso. Eu não tenho. Não fiz isso. Se eu tivesse influência decisiva, não estaria tentando vender o clube de volta a partir de junho de 2024. E se a Uefa quiser ver o que eles estão fazendo, se você tiver um problema múltiplo, eles dizem: bem, venda sua participação ou saia da governança. Pois é, eu contratei um banco de investimento. Eu já estava fora. Eu me afastei mentalmente.

Indefinição na Uefa

– Dada a situação em que o Lyon se encontrava, um possível rebaixamento, por que eles começariam todo esse debate de pessoas entrando com recurso e coisas do tipo se não precisassem? O sorteio só acontece, sei lá quando, em agosto? Eles têm tempo. Agora, parece que não está sendo rápido porque nós, como torcedores, queremos saber. Queremos nosso time lá. Mas, honestamente, acho que eles ficaram chocados como qualquer um. A Uefa aprovou o Lyon por meio de uma rigorosa análise de sustentabilidade financeira. Por que eles pensariam que a DNCG de repente teria um problema com a mesma questão? Mas quando de repente a DNCG teve, eles disseram: espere, não precisamos necessariamente tomar uma decisão sobre o Palace.

Relação com torcida

– Se você se envolve nisso e se preocupa com o que as pessoas pensam de você, há 10% dos fãs que sempre te odeiam. Trabalho para o torcedor anônimo que sabe que eu ajudo. Compareci, paguei dívidas, ajudei a base. Como parte de vários donos. Todos nós trabalhamos muito bem para melhorar o elenco. Agora estamos realmente lutando por taças, ainda que seja uma em cada 135 anos no formato em que as conquistamos. Mas acho que o torcedor esperto do Crystal Palace sabe que eu sou um cara que apareceu e ajudou. Acho que as pessoas nas redes sociais estão com raiva. Acho irônico que, só por um torneio, queiram pegar um cara que ajudou e dizer: “Bem, seria ótimo se ele saísse, porque o que isso traz no ano que vem?”. Na Eagle Football, temos a ambição de chegar à Liga Europa todos os anos. Veja o que fizemos no Brasil com um clube falido e sem atletas. Todos esses atletas querem chegar ao Palace.

– Conheço muitos torcedores do Crystal Palace que vêm até mim e me agradecem pela minha contribuição. Nem todo mundo é feito do mesmo material. Se eu acordasse todos os dias preocupado com as pessoas nas redes sociais que estão bravas, que dizem: “Meu Deus, esse cara está atrapalhando”. Tem gente que está literalmente sentada aí pensando: “Nossa, queria que o John Textor não tivesse vindo para o Palace”? Eles sabem a minha contribuição.

Pensou que teria controle do Palace

– Poucas semanas antes da final da Copa da Inglaterra, os acionistas estavam discutindo por quanto tempo queriam ficar. Quem está nessa para o longo prazo? Claro que sim. Eu achava que era altamente provável, com base nas intenções deles, no que eu sabia sobre eles e nos nossos documentos que nos davam o direito de primeira oferta caso alguém decidisse vender… Quando você está com 43%, sabe que logo chegará a 51%. Você vai chegar a 60%. Então, com o tipo de colaboração e otimização de elenco que fazemos entre nosso clube no Brasil e na Europa, acho que tínhamos um plano de voltar à Liga Europa a cada dois anos, não apenas uma vez a cada 100 anos. Então, duas semanas antes da Copa da Inglaterra, pensei que finalmente seríamos os proprietários majoritários e que os torcedores conheceriam nosso modelo com o tempo. Eles me conheceriam porque me conheciam simplesmente como aquele cara que aparecia nos jogos. Então, eu parei de pensar que realmente conseguiria expressar meu amor pelo Crystal Palace de forma mais funcional para perceber que eu sabia que tinha que sair (por conta da classificação para a Liga Europa). Então, sim, isso é péssimo.

Ambição de Steve Parish

– Ele ama o clube. Ele provavelmente vai querer ficar lá para sempre. Isso obviamente o fortaleceu naquela posição e foi bom para ele. Espero que cheguem à Liga Europa. Espero que ele tenha uma estratégia para voltar, porque pelas mudanças que vejo no clube, todo mundo se foi. Os principais atletas se foram. Os principais técnicos se foram. Sim, eles estão em um torneio, mas qual é a estratégia deles para o ano que vem? Acho que a ambição dele todo ano é evitar o rebaixamento. Nossa ambição é subir na tabela. Quem diria que poderíamos ir da falência à conquista da América do Sul em dois anos e meio lá? Quer dizer, isso é loucura. Tínhamos uma expressão no Brasil, de coisas que só acontecem com o Botafogo, e que descrevia as incríveis derrotas que tínhamos. Essa expressão hoje significa que você recebe um cartão vermelho no primeiro minuto da final da Libertadores e ainda vence com 10 contra 11. Então, temos a ambição de subir ao topo da tabela. No Lyon, eu os levei à zona do rebaixamento, com sete pontos depois de 14 rodadas e em metade da temporada fomos o melhor time da França, chegamos à Liga Europa e quase chegamos às semifinais com esse time. Com o Crystal Palace, eu teria a mesma ambição.

Fonte: Redação FogãoNET e TalkSPORT

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