A reformulação do Botafogo fez 2025 não começar bem, com Campeonato Carioca, Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana ficando para trás. Para John Textor, o ano vai começar a partir de agora, o que foi tema de texto do jornalista Carlos Eduardo Mansur, em seu blog no “GE”.
– Os troféus sobre a mesa e o recurso frequente a frases como “somos os campeões da América e do Brasil” eram formas de John Textor defender sua forma de gerir o Botafogo. No entanto, era impossível olhar para a sua entrevista coletiva de sexta-feira e não enxergar um imenso choque cultural. De um lado, estava um empresário americano falando sobre a inviabilidade de ser campeão em dezembro de 2024, estar pronto para competir por uma taça no início de fevereiro, duelar por outra no fim do mesmo mês, e permanecer forte até 21 de dezembro de 2025, quando termina a temporada brasileira. Do outro, estão uma arquibancada e uma opinião pública que, racionalmente, até reconhecem os rigores únicos do calendário nacional, mas que, uma vez começados os jogos, colocam os pensamentos racionais em modo de espera e exigem que se vença assim mesmo – citou Mansur.
– Ali estava um americano não apenas lembrando o público brasileiro da representatividade do que se conquistou há dois meses. Mas, acima de tudo, com alguma dificuldade para entender como uma Libertadores e um Brasileiro catárticos para uma torcida que sofrera por tanto tempo já não servem mais para aplacar a irritação do público – escreveu.
Para o comentarista, o problema para o Botafogo é que ainda não parece ter construído o time para a temporada.
– Também é fato que o ano pedia algo mais de agilidade de um clube com processos tão centralizados num dono. É justo pedir crédito à torcida, mas também é preciso ser sensível a um público que dava importância à Supercopa do Brasil ou à Recopa, ainda que estas sejam taças menos nobres do que as disputas que virão. A grande questão não foi deixar de ganhar as duas taças, mas não ter a sensação de que os títulos escaparam enquanto algo se construía – apontou Mansur, que lembrou que há tempo para correção.
– O calendário deu ao Botafogo uma nova chance de começar seu 2025. Renato Paiva chega com 30 dias pela frente e a possibilidade de fazer um coletivo que mude percepções e permita à torcida enxergar em Santiago Rodríguez, Artur ou Nathan Fernandes substitutos à altura. Times supercampeões impõem padrões que, por vezes, parecem cruéis. Não é justo fazer da repetição de um ano mágico, algo improvável para qualquer clube, o único padrão de sucesso – completou.