Técnico que pegou o Botafogo em 14º lugar na Série B e foi campeão, Enderson Moreira hoje está bem no Sport. O profissional deu entrevista ao “GE”, recordou a passagem pelo Glorioso e analisou o atual momento.
Enderson lembrou como foi a chegada ao Botafogo.
– Foi completamente diferente. O Botafogo estava tão mal que acho que olharam pra mim e falaram: ‘Ah, vamos acreditar nesse cara mesmo’. Então os caras compraram muito rapidamente a ideia. E a evolução foi uma coisa absurda. A gente falava uma coisa e no dia seguinte eles faziam – contou Enderson.
Apesar do título, o treinador acabou demitido em fevereiro, após o clube virar SAF e ter John Textor como dono.
– E aí quando teve a venda, eu já me distancio um pouquinho dessa coisa de gratidão porque é um negócio. O Textor tem toda a autoridade. Ele comprou o time, a empresa, e faz o que ele quiser. Não posso questionar isso. Eu entendo. Se fosse o mesmo presidente que estava comigo lá no momento da recuperação e no ano seguinte me mandasse embora, talvez ficasse chateado. Eu estava muito tranquilo. Só não gostei da forma que ele (Textor) fez. Ele primeiro fala antes de um clássico contra o Fluminense. Antes do jogo recebo a informação que estou demitido, na imprensa. Isso machuca a gente. Eu estava no estádio. Você imagina minha preleção – resignou-se.
– Eu olhava pro jogo e pensava o que estava fazendo ali. Os jogadores deviam pensar: “Professor, você já caiu. Já está fora..” Isso eu acho que é um grande desrespeito com o profissional – acrescentou.
Sobre a atual fase alvinegra, Enderson Moreira acredita que as reformulações ainda cobram um preço.
– Eu não tenho essa coisa de… Ele (Textor) não conseguir enxergar que minha equipe jogasse taticamente. Ele não conseguiu enxergar que minha equipe pudesse ter alguma coisa no campeonato estadual. Ele imaginou: “Se ele faz isso no Estadual, quando chegar na Série A não vai dar conta mesmo”. E ele acabou de perceber isso na carne, porque o Botafogo não ficou entre os quatro do Estadual. O fato de não ter conquistado a classificação entre os quatro não quer dizer que o time é ruim. Pelo contrário. O que aconteceu no Botafogo foi uma reestruturação absurda. Acho que hoje, de 2021 pra cá, praticamente não tem nenhum jogador mais. E você não constrói uma equipe em cima de nada. Tem que ter uma base – explicou.
– O Botafogo está pagando um preço por isso. Os jogadores vão se conhecer ainda. Seu treinador vai conhecer ainda o que é o futebol brasileiro. Como funciona. Então é uma coisa que vejo como natural. E não quer dizer que vão sofrer na Série A. Pode às vezes, com esses aprendizados, fazer uma Série A muito boa – completou.