Jorge Iggor estranha pedidos de fair play ‘quando time perde’ e entende movimentos de John Textor no Botafogo: ‘Para SAF fazendo sentido, tem que investir’

Jorge Iggor, do TNT Sports
Canal do Jorge Iggor/YouTube

Narrador do TNT Sports, Jorge Iggor fez uma análise interessante sobre fair play financeiro no Brasil e sobre os altos investimentos do Botafogo. Ele elogiou a movimentação do clube no mercado.

O Botafogo fez janela histórica, mais de R$ 200 milhões em investimento, isso começa a gerar debate sobre fair play financeiro, regras para deixar a disputa isonômica. Só na segunda janela, o Botafogo gastou R$ 231 milhões em contratações. Oito jogadores chegaram, alguns deles a custo zero, como Alex Telles, lateral-esquerdo, excelente contratação, Adryelson, Allan, Igor Jesus… Porém, três contratações foram responsáveis pelas cifras: Almada, Matheus Martins e Vitinho. O Botafogo realmente fez contratações muito impactantes, fantásticas algumas, o elenco tem muito mais opções. Muitos méritos do departamento de scout, observa, analisa e é criterioso na hora de contratar. “Ah, mas é fácil encher a bola com esse dinheiro”. Não é assim. Tem muito clube com dinheiro que gasta mal. O Botafogo não é um clube que torra dinheiro com contratações amalucadas, a maioria deu certo. Não joga dinheiro pelo ralo – enalteceu Jorge Iggor.

Sobre fair play financeiro, ele estranhou que os pedidos venham quando algum time é derrotado.

Aí tem a discussão central, “tem que botar fair play aí”, Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, falou disso. Deu até alfinetada depois da derrota por 4 a 1. John Textor não entrou na briga porque tem relação boa com Landim, disse que as receitas aumentaram consideravelmente e que o nível salarial está em 45% das receitas. O que mais me incomoda, independentemente do mérito, é que esse tipo de declaração vem como fruto do resultado, vem na esteira do resultado. Me parece cômodo, tranquilo, falar disso depois que você toma 4 a 1 para um time que está investindo. Me parece argumento oportuno para o momento, que serve para desviar o foco dos seus erros para levar de 4 a 1. É só o Landim que faz isso? Não. Todos fazem. É como as reclamações com arbitragem quando seu time perde – analisou o narrador.

A discussão é válida, é importante, estabelecer regras, um norte, OK. Mas só acho que quando você escolhe o momento da sua derrota e da vitória do outro, você não está preocupado com o tema, mas com o que te afeta – argumentou.

O jornalista ainda foi cirúrgico ao observar o papel das SAFs no Brasil, como um negócio que precisa de investimento para ter retorno futuro.

Vamos para a raiz da Lei da SAF. Chegou para salvar instituições endividadas à beira da falência, que no modelo associativo não conseguiriam mais andar com as próprias pernas. O Botafogo faliria se a SAF não chegasse, por incompetência administrativa. As receitas eram baixas, a fatia de mercado é menor, a dívida de R$ 1 bilhão era pesada. Chegou o Textor, salvou o Botafogo. Mas ele não veio para salvar o Botafogo em ação humanitária, filantrópica, veio para ganhar dinheiro. O futebol é um negócio. Qual a lógica dos negócios? Você coloca seus recursos financeiros, intelectuais, e espera retorno em determinado espaço de tempo. Textor tem grana, algum conhecimento dessa brincadeira chamada futebol, coloca a grana, daqui a cinco, dez, 15 anos, vai pegar esse dinheiro de volta. O jogo do John Textor é esse e é legítimo. Ele é bilionário porque faz dinheiro. Para ter retorno, precisa investir. Ao mesmo tempo que vai equacionando o passivo do clube, ele precisa injetar dinheiro para que a roda gire, consiga pagar o passivo e acelerar o processo para que clube que fecha no vermelho passe a virar azul. É tão claro quanto a luz do dia. Como a SAF vai salvar o clube? Vai chegar alguém com grana, vai botar dinheiro, fazer a máquina girar, o clube vai ficar saudável financeiramente e todo mundo vai sair ganhando. Porque tem o ganho para todo mundo que ficou pendurado com dívida e vai receber finalmente, tem o ganho presente e futuro, porque garante a solidez econômica de instituição que estava quebrada, tem benefício social porque clubes arrastam multidões, tem benefício econômico para o país porque clubes passam a recolher mais impostos, além de toda a cadeia do futebol ser beneficiada. Pensa no impacto que um jogo de 40 mil do Botafogo gera para o município. Pensa o quanto gerava de perda de arrecadação um jogo de 5 mil pessoas no Nilton Santos, é turismo, rede hoteleira, alimentação, transportes. É um benefício coletivo – explicou.

Para que SAF faça sentido, se aprovamos lei, o cara tem que investir. O investimento é a alma desse negócio. Como John Textor vai aumentar as receitas do clube, transformar em potência – porque a recuperação econômica passa diretamente pela recuperação esportiva -, como aumentar receitas se não disputar título brasileiro, lotando o Nilton Santos, aumentando o número de sócios, recebendo alta premiações, se não conseguir sucesso nas competições internacionais? As coisas estão diretamente ligadas. A SAF é um começo para todos nós, algo novo, diferente. Se entender que é necessário colocar alguns freios, é possível fazer adaptação, não sou contra. Só acho que temos que ter lucidez e deixar o clubismo de lado para não demonizar os investimentos. Vamos discutir sem clubismo e sem perder de vista que SAF é um negócio, que precisa de investimento para dar retorno – finalizou.

Fonte: Redação FogãoNET e canal do Jorge Iggor

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