Entrevistado nesta terça-feira (28/2) pela imprensa em uma coletiva no CT Lonier, Luís Castro voltou a esbravejar sobre a arbitragem de Tarcizo Pinheiro Caetano e todas as confusões que aconteceram no clássico entre Botafogo e Flamengo, no último sábado, no Mané Garrincha, pela nona rodada do Campeonato Carioca-2023. O treinador alvinegro reclamou de as cobranças sobre parte mental serem todas em cima da equipe alvinegra, derrotada por 1 a 0.
– Comportamento gera comportamento, contexto gera contexto. Estamos todos de acordo. Acho que o jogo deveria ter acabado aos cinco minutos de jogo. Porque vi o árbitro correr dos jogadores do Flamengo. A partir dali, estava claro que não tinha confiança para arbitrar aquele jogo. Depois vi o mesmo, aos 33 minutos, o árbitro a correr à frente dos jogadores do Flamengo. Nunca vi correr dos meus jogadores, enfrentou meus jogadores. Contexto gera comportamentos. Vi essa peça de teatro terminar com um pênalti sobre o Matheus Nascimento que nem percebi se o VAR avaliou. Comportamento gera comportamento. Vi no meio de tudo isso a polícia, achei que sairíamos de campo e a polícia jogaria contra o Flamengo. Comportamento gera comportamento. Meus jogadores não tinham esse histórico até o jogo com o Vasco. Então tínhamos o melhor psicólogo do mundo e o melhor coaching. Tínhamos comportamento exemplo, em dois jogos não tivemos. Vocês podem ver o que aconteceu nos jogos. Não fujo ao problema, enfrento, e internamente resolvemos. Sabemos o caminho a percorrer para atingir o objetivo. Sabemos que o crescimento do Botafogo é refletido por muitas pessoas e nos leva a alguns comportamentos. Eu, como ser último humano, penso o que quiser dos últimos clássicos. Sei o que trabalhamos, lutamos, nos dedicamos. Os jogadores trabalharam. Por que os meus jogadores foram expulsos e os deles não? Por que o árbitro correu à frente dos jogadores o Flamengo e dos nossos não? Venham explicar, falem. Por que só falam dos meus jogadores? Só eles precisam de psicólogo, os árbitros não, quem dirige o futebol não – cobrou Luís Castro.
– Não vim para mudar nada, mas não vim para me calar, para engolir, para ganhar meu dinheiro e partir sem dizer nada. Não estou aqui só para ganhar meu dinheiro. Estava no Catar, tinha contrato, não vim atrás de ninguém para vir ao futebol brasileiro. Me contataram, eu estava lá e vim. Há dois anos estava na Champions League, entendi que deveria ir ao futebol do Oriente, agora ao futebol brasileiro. Meu perfil é fazer reflexões, não estou aqui a baixar a cabeça, ver os outros passarem e eu abanar que sim para ser agradável. Sei que não vão ser agradáveis comigo um dia. Sei que terei um fim aqui, serei agradável quando tiver que ser e desagradável quando tiver que ser. Mas vou ser sempre verdadeiro. Eu sou o responsável por perder os dois últimos jogos, sem dúvida. Se for analisado que sou o mais culpado e não tenho mais nada a fazer no Botafogo, pronto, vou embora, acaba minha vida. Até lá, levo comigo como sou – acrescentou, em entrevista transmitida ao vivo pelo canal “Opinião Fogo Play”.
Para o treinador, os principais problemas do clássico estão sendo pouco comentados.
– O contexto gerou em toda mídia achar que estamos tensos mentalmente. Antes estávamos fantásticos. Tivemos duas pancadas seguidas, não só os árbitros, fomos nós também, deveríamos ter sido mais competentes. Mas não venham com lado mental para esconder arbitragem, organização, falta de luz nos vestiários, um gramado que causou lesão do Patrick de Paula. A parte mental do Botafogo não serve de pano para limpar o vidro sujo. Pensam que sou um atrasado mental e preciso comer tudo que me enfiam? E já falei sobre a parte da polícia, é realmente uma vergonha. Não somos assassinos, não somos selvagens. Não precisa todo esse aparato policial. Contexto gera contexto. Quero falar com o árbitro e quase vou preso. É a primeira vez na minha, em 50 anos de futebol. Foi preciso chegar ao futebol brasileiro. Estão tratando o ser humano como o quê? – reclamou Castro, que foi perguntado sobre trabalho individual psicológico com os atletas.
– Como tem personal trainer dos jogadores, é muito comum, fazemos todo o trabalho, mas se se sentem confortáveis, se tiverem alguém além do clube, será algo que só ajuda. Meu curso é de futebol, liderança, lidero, ajudou, tenho que me preocupar com toda equipe, com o macro, com a saúde mental da equipe, de 30 jogadores. Não apenas de um. Se falar de estratégia, planejamento, proposta de treino, análises e ainda tiver cada um no meu consultório… Meus jogadores não precisam disso. Houve ali um gerador de comportamentos que potencializou muito aquilo que aconteceu – completou.