Comentarista do SporTV, Pedrinho voltou a argumentar que a pressão da torcida do Botafogo dentro do Estádio Nilton Santos é uma das principais explicações para a diferença de rendimento do clube em casa e fora no Campeonato Brasileiro. O Glorioso é o segundo melhor mandante da Série A, atrás apenas do campeão Palmeiras, mas tem a terceira pior campanha como visitante.
– Torcedor tem paixão para raciocinar o jogo, muitos tem uma compreensão boa e muitos não estão preparados para ouvir as verdades do jogo. E eu fui muito criticado pela torcida do Botafogo contra o Cuiabá, porque o time fez um ótimo primeiro tempo, no segundo deu cinco minutos e a torcida começou a pressionar. E esses jogadores não estão preparados para sustentar emocionalmente uma pressão. Foi uma cobrança extremamente desnecessária. Eu falei que a torcida precisava apoiar, porque naquele momento era nítido que ela estava atrapalhando as decisões dos jogadores, os caras ficam nervosos, tomam decisões erradas, precipitam as ações e o time não flui. Aí fazem um recorte e dizem que eu falei que a torcida atrapalha. Eles não têm boa vontade de entender o comentário e o que está acontecendo no jogo – argumentou Pedrinho, durante o “Seleção SporTV”.
– Dentro de casa, o Botafogo tem dificuldade de implementar um jogo propositivo, de se comportar como grande, amassar o adversário. Recentemente ele fez isso, ganhou do Bragantino, contra o Cuiabá fez um ótimo primeiro tempo, é uma construção que está começando a dar resultado. Mas, quando existe a pressão do torcedor, o time se inibe, não tem carcaça para aguentar essa pressão. É normal, é um time que está se construindo e se reconstruindo. Fora de casa, tem menos obrigação de se comportar como grande. Essas transições que vimos (contra o Atlético-MG) foram muito mais pela facilidade dos espaços encontrados do que qualquer mecanismo organizado para contra-atacar, porque o Atlético também mudou sua forma de jogar. Luis Henrique e Victor Sá entraram bem aproveitando as costas dos laterais. O Botafogo não tem obrigação de imprimir um ritmo forte fora de casa, aí se sente confortável para ser agredido e usar o espaço que o adversário cede – completou.
Pedrinho foi além e disse que o gol marcado por Victor Sá, no Mineirão, poderia não acontecer se o jogo fosse no Nilton Santos.
– O Victor Sá finalizou com a perna esquerda na gaveta. Você acha que ele ia fazer isso no Engenhão? Ele ia ajeitar o corpo para dominar de direita para se sentir mais seguro para finalizar. Ele só fez aquilo ali porque estava tranquilo, porque se cometesse um erro não teria a pressão que teria se estivesse jogando no Engenhão. O que quero dizer é que o torcedor tem todo o direito de fazer tudo, desde que não descambe para a violência, claro, mas tem que entender o momento que precisa dele, só isso. Quando acabar o jogo, vai lá e xinga. Eu não quero tirar a emoção da torcida jamais, a torcida tem que entender que é um trabalho de construção e reconstrução o tempo inteiro – disse Pedrinho.
Divergência no debate
Apesar de concordar com a tese inicial de Pedrinho, o comentarista Conrado Santana, que também estava presente na mesa do programa, disse que os jogadores é quem devem ser cobrados.
– Concordo com o Pedrinho, mas o Botafogo perdeu muitos pontos contra times da parte de baixo da tabela dentro de casa. É difícil falar da paixão do torcedor, o cara vai a todo jogo e os caras não ganham do Cuiabá, perdem do Atlético-GO, então vai vaiar… Temos que cobrar mais do técnico e dos jogadores para saberem passar por cima disso. Eles têm que conviver com essa pressão da torcida. Não é um jogo que do nada a torcida começou a vaiar, é o campeonato inteiro ruim dentro de casa – afirmou Conrado.