Prazos, qualidade, uso após shows, chuteira, estilo de jogo, velocidade da bola… Empresa detalha grama sintética do estádio do Botafogo

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Por FogãoNET

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Prazos, qualidade, uso após shows, chuteira, estilo de jogo, velocidade da bola… Empresa detalha grama sintética do estádio do Botafogo
Vítor Silva/Botafogo

O Estádio Nilton Santos, casa do Botafogo, já está em obras para ganhar um novo e moderno gramado sintético em 2023. Lucas Montez, gerente comercial da Total Grass, empresa responsável pela instalação do piso, deu uma ótima e esclarecedora entrevista ao canal “Glorioso Connection” sobre diversos assuntos relacionados à grama.

De acordo com Montez, o Botafogo poderá jogar no Nilton Santos dois dias após um show, por exemplo, e os campos – tanto do estádio quanto no anexo – pode suportar uma carga de até seis horas diárias de treinamentos. A grama sintética do Niltão será mais similar à do Palmeiras que a do Athletico-PR, mas terá uma tecnologia inédita no Brasil.

Além disso, o gerente da Total Grass explicou os prazos para conclusão das obras. A ideia é terminar tudo até os shows do Coldplay, marcados para os dias 25, 26 e 28 de março. Caso não se consiga terminar tudo, o deadline final é dia 5 de abril, data de início da Copa Sul-Americana.

A Total Grass é sediada em Bragança Paulista (SP) e é responsável pelos gramados do CT do Red Bull Bragantino, do Ibrachina (clube paulista formador) e do novo Centro de Treinamento do Atlético-MG na Vila Olímpica, todos com certificação Fifa.

Confira os principais pontos da entrevista:

TIPO DE GRAMA: “Trouxemos uma tecnologia dos Estados Unidos e também da Europa. Temos um sistema que se inicia com um piso drenante, colocamos o sistema de irrigação já acoplado nesse contrapiso. Depois temos um shockpad que também é drenante, é top no mercado, ele serve para absorver o impacto. A grama em específico é um modelo que não é muito usual no mercado nacional, mas é muito aceita nos Estados Unidos e na Europa, se usa muito no futebol americano. O que estamos colocando no Engenhão é um composto novo, que no Brasil ainda não se usa, é uma cortiça manufaturada para ter uma granulometria ideal para o futebol. Isso significa menor retenção de calor, outra exigência que o Botafogo nos pediu. Uma das exigências que o Botafogo nos passou também foi a questão dos eventos, quando você coloca um peso muito grande no gramado, você precisa de uma memória maior.”

BENEFÍCIOS: “Menor aquecimento do sistema, maior maciez e conforto, uma memória maior para ter eventos e um sistema basicamente 100% natural.”

DIFERENÇAS PARA ATHLETICO-PR E PALMEIRAS: “Mais moderno é com certeza, se é melhor ou pior é difícil dizer porque cada um tem uma demanda. Mas, em termos das premissas que foram passadas para a gente, esse sistema que estamos colocando atende melhor todos os pontos. O Athletico-PR tem um sistema que funciona, mas que é bem mais antigo, é um composto que é uma adaptação ‘abrasileirada’ do que é a cortiça. É uma fibra de côco que você tem que irrigar semanalmente para não perder esse composto, se não vira um pó. A cortiça por si só já tem a durabilidade, vai te dar essa estabilidade sem precisar dessa manutenção. A do Palmeiras é um modelo mais novo de sistema, mas o termoplástico que se coloca em cima da grama não é 100% validado no desempenho final. Se você comparar a cortiça com esse termoplástico, ele perde tanto em desempenho como na questão do calor.”

MANUTENÇÃO: “Semanalmente há uma varrição, a ideia é ter todo o composto homogeneamente espalhado pelo campo, fazendo com que a fibra da grama tenha sempre a memória ativada. De seis em seis meses vai ser feita uma vistoria para chegar à quantidade de composto que permanece no gramado para ver a necessidade de haver uma recomposição.”

USO APÓS SHOWS: “Depois que você desmonta a estrutura do evento, um dia depois você já pode utilizar o campo. Sempre pedimos um ou dois dias para fazer uma vistoria para ver se houve algum dono e também fazer a escovação nas áreas em que houve um maior peso concentrado.”

CAMPO ANEXO: “Será a mesma grama, só muda a irrigação, porque no jogo você precisa fazer uma irrigação maior no campo todo num curto período de tempo no intervalo do jogo.”

CARGA DIÁRIA DE USO: “Dá para jogar o dia inteiro. Essa grama é usada na NFL e uma das referências que visitamos foi a Mercedes Benz Arena, lá tem jogo de futebol americano, futebol, categorias de base, é um uso muito intenso e tem uma aparência de zero para 10 anos de uso. Uma carga de cinco a seis horas por dia é uma carga tranquila para esse gramado.”

TIPO DE CHUTEIRA: “Você pode usar todos os tipos de trava, mas o recomendado é trava de borracha, é o padrão que é usado também no Athletico-PR e no Palmeiras.”

BOLA ROLANDO: “No Athletico-PR, comparado com o Palmeiras, a diferença é técnica, porque a grama é de 60mm de altura e não tem muita memória, por ser mais antiga, a grama está um pouco mais detada e isso faz com que haja menos atrito com a bola e o campo precisa estar muito húmido. No Palmeiras, o fio é muito em pé, cria uma resistência para a bola não andar tão rápido, fica mais natural. Aí você molha para compensar um pouco mais. No caso do Botafogo, a grama vai ser mais ou menos como a do Palmeiras, terá um pouco mais de resistência, mas haverá a possibilidade de compensar isso com a irrigação. Vamos dizer que é um meio termo entre Palmeiras e Athletico-PR. Vamos usar no Botafogo uma grama de 42mm, assim como é no Palmeiras.”

QUEM PODE SE BENEFICIAR: “Converso muito com os jogadores e procuro pegar as opiniões deles. Para times que gostam mais de velocidade e melhor toque de bola, mais técnicos, acho que esse tipo de campo favorece. Ele lembra um pouco a Arena Corinthians, que é híbrido, mas que tem a maior parte da grama natural.”

PRAZO DAS OBRAS: “No fechamento do negócio nos exigiram a questão do show do Coldplay em março e nos falaram que dia 5 de abril tem um jogo. Nossa meta é entregar o campo antes do show do Coldplay, se não terminar até o show, vamos terminar até o dia 5.”

FASES DA OBRA: “Iniciamos no dia 20 de janeiro os trabalhos, já removemos todo o gramado natural, fizemos a checagem dos drenos, já estamos abrindo a parte de tubos para irrigação. Após isso começa a inserção das pedras granuladas, que dão a estrutura do campo junto com a drenagem, são duas camadas de pedras granuladas, depois vem o shockpad e depois a grama. E depois por fim é a colocação de material em cima. Acreditamos que termine a parte do piso um pouco antes da chegada da grama, porque ela é importada, vem da França. Outros insumos vêm da Holanda e de Portugal. Acredito que vamos honrar com os prazos que nos foram colocados.”

Assista à entrevista:

Fonte: Redação FogãoNET e Glorioso Connection

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