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Sindicato dos Atletas se incomoda até com shows e questiona gramado sintético: ‘Gera desnível técnico e lesões’ (?!)

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Por FogãoNET

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Alfredo Sampaio, técnico do America e presidente do Sindicato dos Atletas
YouTube/Resenha com TF

Presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Alfredo Sampaio se manifestou sobre o gramado sintético, que Botafogo, Palmeiras e Athletico-PR têm no Brasil. O técnico do America-RJ fez ponderações e reclamações sobre este tipo de grama, em entrevista ao canal “Resenha com TF”.

Leia abaixo:

– Não é que eu seja contrário. Na realidade, é assim, estou preparando algumas coisas, alguns documentos, que quero passar para parlamentares porque o futebol brasileiro está precisando de socorro, na minha modesta opinião. Uma delas é essa questão do sintético. Primeiro, cria o desnível técnico, o que não é correto. Se você tem na Copa do Mundo uma exigência da Fifa de padronização para gramados em dimensão, tipo de grama e altura de grama, por que isso não ocorre em uma das principais ligas como a brasileira? “Ah, o gramado da Fonte Nova é ruim”. Então tem que ser bom. Mas tem que exigir ser bom, não serve não vai participar. Nossa preocupação, não é o Alfredo Sampaio, é o Sindicato e da Federação Nacional, da qual também sou presidente, é com a questão da lesão dos atletas. Não há um estudo que demonstre fielmente se aumenta o nível de lesão ou não. Para nós que jogamos, eu joguei nos Estados Unidos, a diferença do jogo é muito grande, o impacto é muito grande nas articulações. Não sou médico, mas a lesão que o Dudu teve e rompeu o cruzado, se olhar o pé dele, para mim com certeza foi devido à grama sintética.

– Estou colocando porque estou vendo que está proliferando no Brasil. O que me incomoda mais, é meio esquisito falar isso porque parece que é uma coisa pessoal, é que o objetivo principal não é ter um gramado de qualidade. É porque tem a parte de show, de entretenimento, que vai aproveitar. Mas sou do futebol, vivo do futebol, entretenimento é importante, então que se crie mecanismo para fazer entretenimento sem prejudicar o futebol. Isso tem que ser discutido. O sintético quando apareceu lá atrás e a Fifa começou a considerar, foi muito mais por causa dos países baixos, em que o inverno era muito rigoroso, com neve, era complicado, e nos países africanos, que são pobres. Tem o lado econômico também. Nós tínhamos que ter a padronização no futebol brasileiro, evitaria lesões, como realmente estou buscando estudos que levem a isso, para embasar, e está gerando desnível técnico.

– Se olhar as ligas europeias, nenhuma delas tem gramado sintético. A única que tem é a holandesa e há prazo de dois anos para voltar para grama natural. Você pega o Messi, maior jogador do mundo, no contrato dele tem cláusula que não pode jogar em grama sintética. Por que isso? Não é por nada, alguma coisa séria tem. Isso tinha que ser discutido. CBF e Conmebol têm que falar “para aí”. Tenho 17 times com grama e três com sintético, independentemente de ser Botafogo (Estádio Nilton Santos), que gera possibilidade de desgaste maior nas articulações e desnível técnico. Não cabe ao sindicato discutir isso, mas existe. Acho que deveria ser motivo para debate amplo, envolvendo atletas, técnicos, árbitros, fisiologistas, fisioterapeutas, médicos, pessoas que têm embasamento. Não é simplesmente o lado comercial. “Vamos colocar que vamos gastar menos e ainda vamos fazer show, ganhar dinheiro”. Isso é futebol. Virou negócio, merecia virar, mas está se sobrepondo demais ao esporte. Tem a frieza do negócio. “Tenho campo sintético, vou obter vantagem competitiva, vou estar na frente, ganhar mais dinheiro”. Não é assim, pelo menos não deveria ser. Além da questão do piso mais duro, de possibilidade de torção mais grave. Tem campos que molham antes, não é só para a bola ficar mais rápida, é para tirar o calor também. Fisiologicamente não é bom para o atleta. Hoje o futebol brasileiro tem muita coisa acontecendo e não há debate real sobre o que é bom e o que não é.

– A ideia nossa, não sei o que vai dar, já mandei ofício para a CBF, estou encaminhando para Conmebol e para presidentes dos clubes, não temos pretensão de acharmos que somos os donos da verdade. O que acho é que é necessário é abrir debate, desprovido de vaidade – completou.

Fonte: Redação FogãoNET e Resenha com TF

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