Com taxa de juros alta, Botafogo pagou R$ 63 milhões em dívidas, mas reduziu valor geral em apenas R$ 3 milhões; Capelo explica

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Por FogãoNET

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Dívidas do Botafogo | Gráficos de março a setembro de 2022
Reprodução/SporTV

Por que o Botafogo voltou a ser pauta no noticiário por pendências financeiras e faltas de pagamentos no primeiro trimestre de 2023? Especialista em negócios no esporte, Rodrigo Capelo explicou a situação da SAF alvinegra no programa “Redação SporTV”, nesta quarta-feira (15/3).

A estratégia é pensada pela SAF, que busca um novo acordo com credores para diminuir a alta taxa de juros. Um exemplo dado por Capelo é que de março a setembro de 2022 o Botafogo pagou R$ 63 milhões em dívidas. Porém, seu passivo geral baixou apenas de R$ 966 milhões para R$ 963 milhões.

Tem preocupações em relação às dívidas. A SAF veio, tem aportes de John Textor, mas nem por isso as dívidas do passado ainda não têm sua influência e seu peso. Elas estão causando problemas ao Botafogo. Esse números ilustram o principal problema e o motivo pelo qual o Botafogo está desistindo do acordo via Regime Centralizado de Execuções. Em um ano, pagou R$ 63 milhões em dívidas, mas baixou apenas R$ 3 milhões. O problema está nos juros. Quando a lei da SAF foi formulada, ficou estabelecido por sugestão do Botafogo, que a taxa de correção seria a Selic, a taxa básica de juros do país. Era de 2%, agora está perto de 14%, o que prejudica muito a SAF, que paga, paga, paga e não consegue baixar a dívida – explicou Capelo.

A decisão da diretoria do John Textor foi de parar de pagar a dívida via RCE e buscar um novo acordo com credores, cíveis e trabalhistas, para achar novos termos. Essa é a história. Temos que destacar que a diretoria tomou a decisão deliberada de não pagar o RCE, expôs o clube a uma série de riscos, questionamentos de credores e da justiça, até por não enviar balanços financeiros. Expôs a penhoras. Hoje está correndo para refazer esse acordo, dentro ou fora do RCE, e não expor a SAF a tomar um monte de execuções que estrangulariam o caixa definitivamente, porque a dívida é muito alta – acrescentou.

Ainda segundo o jornalista, John Textor sabia do rumo que a decisão poderia tomar.

São riscos aos quais Textor foi alertado que correria. Temos que deixar tudo muito claro, porque o torcedor tem adotado narrativas e ideias que os juízes são maldosos e têm colocado cobranças indevidas. Não é o que está ocorrendo. A SAF ainda não gera tanta receita a ponto de esses 20% serem suficientes para pagar um volume grande de dívidas. Se o aporte do John Textor for usado para dívidas, não tem investimento no time e, como percebemos, vai pagar um monte de dívidas, mas o valor não vai baixar porque os juros estão muito altos. Ele decidiu entrar em renegociação com os credores, para encontrar novo acordo nas partes trabalhistas e cíveis, correndo, para voltar à Justiça e dizer que há esse acordo. A dúvida é se pode entrar no RCE ou não. Se não puder, vão precisar de uma recuperação extrajudicial, chegar aos termos e homologar. A estratégia da SAF é essa – argumentou.

Não tem herói e vilão, nem mocinho e bandido. Tem um empresário que chegou, tinha dinheiro sim, aportou, contratou jogador, tem seus compromissos de pagar a dívida, tomou a decisão consciente de não cumprir o acordo feito pela associação e buscar um novo acordo, principalmente por causa dessa mudança na taxa de juros – finalizou Capelo.

Fonte: Redação FogãoNET e SporTV

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