Análise: com uma avenida no lado direito, Botafogo não para Bruno Henrique e perde a primeira como mandante no Brasileirão

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Análise: com uma avenida no lado direito, Botafogo não para Bruno Henrique e perde a primeira como mandante no Brasileirão
Vitor Silva/Botafogo

Depois de 12 jogos, o Botafogo perdeu a invencibilidade no Nilton Santos no Campeonato Brasileiro. A derrota por 2 a 1 para o Flamengo no clássico foi a primeira desde que o time passou a atuar no gramado sintético. O Glorioso encontrou dificuldades na marcação e foi um time menos intenso e competitivo do que o habitual. Bruno Lage não encontrou soluções para parar Bruno Henrique e o atacante foi protagonista do clássico.

A volta de Tiquinho Soares ao comando do ataque alvinegro foi a manchete principal da escalação, mas outras escolhas de Bruno Lage dividiram espaço com o retorno do artilheiro. O treinador português mudou o lado direito lançando JP e Matías Segovia como titulares. A altura de JP (1,84m, oito centímetros a mais que Di Placido) pode ter sido uma justificativa de sua escalação, como forma de defender o jogo aéreo focado em Bruno Henrique.

Como o Sampaoli anunciou que entraria em um 3-5-2, com o volante Pulgar na zaga, Lage buscou em Segovinha uma arma para atacar as costas do ala Ayrton Lucas e ter vantagem no potencial duelo com Léo Pereira. A aposta (mal sucedida) do treinador foi ter o paraguaio em campo ganhar potencial de quebrar linhas de marcação a partir de dribles e passes, ainda que o time perca em imposição física e recomposição defensiva. No meio-campo, Gabriel Pires formou dupla com Marlon Freitas, deixando Tchê Tchê como opção no banco.

Análise Botafogo x Flamengo

Primeiro tempo

Tudo o que foi pensado pelo treinador ruiu com pouco mais de um minuto de bola rolando. O Flamengo circulou rapidamente a bola da esquerda para a direita e colocou Wesley em posição de cruzar para a área. O lateral cruzou rasteiro e Marlon Freitas cortou contra o próprio gol. O volante foi pego correndo para trás, tentando evitar que bola chegasse a um adversário. Depois do susto inicial, o Botafogo demorou a reagir e entender a dinâmica do jogo do rival, organizado em um 4-4-2, com Ayrton Lucas preso na linha de defesa e Gerson aberto no lado esquerdo.

O Glorioso cresceu no jogo a partir dos dez minutos, quando conseguiu encaixar a pressão na marcação e sufocou a saída de bola rubro-negra. O time colocou a bola no chão e começou a ditar o ritmo como habitualmente faz nas partidas no Nilton Santos. Marçal foi incisivo no apoio, Eduardo e Gabriel Pires também caíram pela faixa esquerda e por ali a equipe passou a levar vantagem e construir suas oportunidades.

O Botafogo empatou o clássico aos 18 minutos. Cruzamento de Gabriel Pires da esquerda, Tiquinho ganhou no meio de dois zagueiros e a bola sobrou para Victor Sá cortar a marcação com um toque e bater forte cruzado, sem chances de defesa para Matheus Cunha. Victor estava muito atento ao rebote para reagir à situação antes dos adversário. Destaque ainda para o posicionamento de Victor Sá, muitas vezes, como um segundo atacante, com liberdade para chegar mais próximo de Tiquinho, enquanto Eduardo caiu bastante na ponta esquerda.

A partida voltou a ficar equilibrada na sequência do gol empate. O Glorioso teve uma fragilidade defensiva no lado direito bem atacada pelo rival. JP ficou muito exposto e foi envolvido por Gerson e Bruno Henrique. Por ali surgiram algumas das principais investidas do Flamengo no primeiro tempo. Em uma dessas chances, aos 34 minutos, Perri intimidou Bruno Henrique e forçou o atacante a arriscar uma finalização mais difícil, que parou nas mãos do goleiro.

O Botafogo terminou a etapa inicial perto do segundo gol. Primeiro, Tiquinho dominou na área, finalizou com capricho, mas Fabrício Bruno evitou o gol com o goleiro já batido. Depois, foi a vez de Eduardo receber de Segovia na área e bater forte, por cima da meta. A equipe foi para o intervalo com menos posse de bola (43%), mas o dobro de finalizações (10).

Segundo tempo

O Glorioso voltou sem alterações para o segundo tempo. O Flamengo seguiu aproveitando a recomposição ruim de Segovinha pela direita para forçar o jogo em cima de JP. Aos dois minutos, Bruno Henrique chegou a marcar o segundo gol, mas o auxiliar apontou corretamente o impedimento na origem do lance. As substituições vieram aos 11: Tchê Tchê, Luis Henrique e Diego Costa nos lugares de Gabriel Pires, Matías Segovia e Tiquinho Soares. Com as mudanças, Victor Sá foi para o lado direito e Luis Henrique foi atacar o deixado pelas subidas de Wesley, no lado esquerdo do ataque alvinegro.

Clássico continuou equilibrado, embora o Flamengo fosse mais agudo nas suas chegadas ao ataque. O Rubro-negro manteve a posse de bola do primeiro tempo e conseguiu finalizar mais vezes, enquanto o Botafogo teve dificuldades para encaixar contra-ataques e vencer duelos individuais. Se na primeira etapa o Alvinegro levou a melhor nas disputas de bola por 41 a 27, na segunda metade do jogo perdeu os duelos por 26 a 43. Reflexo de um time que competiu pouco e não foi organizado e intenso como de costume.

A jogada cantada durante todo o clássico terminou em gol rubro-negro aos 27. Bruno Henrique recebeu aberto, partiu para cima de JP e passou como quis. O atacante finalizou com efeito e acertou o ângulo esquerdo de Lucas Perri. Lage tentou corrigir, mas JP esteve sobrecarregado na marcação o durante todo o jogo. Pressionado, o lateral também cometeu erros técnicos na abordagem defensiva. Contudo, a falha maior ocorreu na estrutura coletiva que não foi capaz de se ajustar para defender a principal arma ofensiva do rival.

As últimas substituições no Alvinegro foram Júnior Santos e Janderson nas vagas de Victor Sá e Eduardo. Com dois centroavantes, o Botafogo insistiu nos cruzamentos, mas acertou apenas três em 21 tentativas. O Glorioso não teve forças para pressionar e não ameaçou o gol de Matheus Cunha na reta final de jogo. Depois do segundo gol do adversário, foram apenas três finalizações alvinegras, duas para fora e uma bloqueada, todas de fora da área.

Análise Botafogo x Flamengo

O Botafogo volta a campo apenas no dia 16, quando enfrenta o Atlético-MG na Arena MRV.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – BOT 48% x 52% FLA
Passes certos – BOT 333 (82%) x 401 (86%) FLA
Finalizações – BOT 17 (7 no gol) x 12 (4) FLA
Gols esperados (xG) – BOT 0.98 x 0.79 FLA
Finalizações dentro da área – BOT 9 x 6 FLA
Grandes chances de gol – BOT 1 x 0 FLA
Grandes chances perdidas – BOT 1 x 0 FLA
Defesas do goleiro – BOT 3 x 5 FLA
Cruzamentos – BOT 7/35 (20%) x 2/20 (10%) FLA
Bolas longas – BOT 22/45 (49%) x 23/44 (52%) FLA
Desarmes – BOT 23 x 19 FLA
Interceptações – BOT 7 x 6 FLA
Cortes – BOT 19 x 31 FLA
Disputas de bola vencidas – BOT 52 x 55 FLA
Disputas aéreas vencidas – BOT 15 x 15 FLA
Dribles – BOT 7/17 (41%) x 8/20 (40%) FLA
Faltas – BOT 14 x 8 FLA
Cartões amarelos – BOT 2 x 3 FLA

Fonte: Redação FogãoNET

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