No meio de uma sequência desgastante de jogos, o Botafogo poupou alguns de seus principais jogadores e mesmo assim venceu com autoridade o Atlético Mineiro por 2 a 0 no Nilton Santos. Com um gol em cada tempo, o Glorioso teve grande atuação, dominou o adversário e conquistou mais uma vitória no Brasileirão. Victor Sá, autor do primeiro gol e com participação direta no segundo, foi o nome de um jogo com muitos destaques individuais. Com 12 pontos, o Alvinegro segue com 100% de aproveitamento e líder isolado do campeonato.
Do primeiro jogo da final da Taça Rio até a partida da última quinta-feira contra a LDU, o Botafogo disputou dez jogos em 32 dias. Para evitar novas lesões musculares, como a que deve afastar Danilo Barbosa por pelo menos um mês dos gramados, Castro sacou Marçal, Tchê Tchê, Eduardo e Tiquinho do time titular neste domingo. Entraram Hugo, Gabriel Pires, Lucas Fernandes e Matheus Nascimento. O volante Marlon Freitas substituiu o lesionado Danilo, enquanto Di Placido entrou na vaga do suspenso Rafael.
Nas pontas, o treinador seguiu escalando a dupla titular conforme as demandas de cada jogo e escalou Junior Santos e Victor Sá. Era previsto que o Atlético Mineiro, líder em média de posse de bola (65,7%) nos três primeiros jogos do campeonato, comandaria as ações da partida contra o Botafogo, a equipe que menos ficou com a bola nestas primeiras rodadas (32,7%). Por isso, foi a vez de acionar os pontas que recompõem melhor a marcação e têm mais força para também funcionar como escapes na transição em velocidade.
O Glorioso, contudo, conseguiu competir pela bola e trabalhar a posse no campo ofensivo logo no início do confronto. Não por acaso, as duas primeiras finalizações do jogo foram de Marlon Freitas e Victor Sá. O desempenho de Gabriel Pires foi reflexo do nível de concentração e entrega dos jogadores. Na defesa e no ataque, o meia participou ativamente do jogo, combinando sua qualidade de passe com a tão cobrada intensidade, além de estar atento nos desarmes e antecipações. Junior Santos foi outro destaque desde os primeiros minutos, garantindo profundidade e ritmo pelo lado direito.
O Galo ameaçou aumentar o volume e crescer no jogo a partir dos dez minutos. Um raro erro de Lucas Perri ao sair do gol quase custou um gol para os mineiros. A jogada mais perigosa, no entanto, eram os lançamentos para Paulinho atacar o espaço nas costas da última linha da defesa. Depois de alguns pequenos sustos, o Botafogo voltou a atacar e se consolidar como o melhor time em campo. Com Marlon Freitas e Gabriel Pires subindo ao ataque para oferecer apoios nas laterais e Lucas Fernandes flutuando entre as beiradas para garantir superioridades, a equipe se impôs técnica e fisicamente sobre o adversário. Aos 20 minutos, em um jogo animado com 11 finalizações, seis foram do Glorioso.
Rápido, intenso e focado, o Botafogo fez seu jogo coletivo potencializar as individualidades. Mesmo jogadores que ainda oscilam bastante e procuram se firmar no elenco como Di Placido e Marlon Freitas tiveram atuações sólidas. O volante acertou os oito lançamentos que tentou no primeiro tempo, turbinando os excelentes 67% de acerto nas bolas longas que a equipe registrou no intervalo. Aos 29 minutos, começou com um passe vertical de Marlon, que quebrou a linha de marcação, a jogada do primeiro gol alvinegro. Victor Sá, Lucas Fernandes e Di Placido triangularam e o lance terminou com linda finalização de letra do camisa sete. Nos acréscimos, em lance semelhante, após grande jogada individual de Junior Santos, Victor teve a chance de ampliar, mas foi travado no momento do chute.
Alguns números dão a dimensão da superioridade do Glorioso no primeiro tempo. O time terminou com mais finalizações (nove, sendo oito dentro da área), mais disputas de bola vencidas (36 x 32), mais disputas aéreas vencidas (14 x 4) e 85% de acerto nos passes. O que não é medido pelos números, mas ficou nítido no Nilton Santos, foi a atitude competitiva dos jogadores alvinegros. A aliança entre foco total e ímpeto físico garantiu a perfeita execução das funções para o melhor funcionamento do time.
No segundo tempo, o Atlético teve mais a bola, mas não conseguiu finalizar. O sistema defensivo alvinegro corrigiu durante o jogo a pressão na bola para defender as bolas longas e cedeu poucas oportunidades claras ao adversário. É preciso destacar o trabalho defensivo de Gabriel Pires e Lucas Fernandes, jogadores por vezes considerados pouco intensos e combativos que mostraram o que podem entregar em um time bem organizado, com funções e posicionamentos bem definidos.
Mesmo sem a posse de bola, foi o Botafogo quem controlou as ações na segunda etapa. O time enfileirou chutes a gol logo nos primeiros minutos do retorno do intervalo. Na sexta finalização em 14 minutos, o Glorioso chegou ao segundo gol. Ótima jogada individual de Victor Sá buscando a linha de fundo no lado esquerdo, cruzamento para Junior Santos e, no bate-rebate, a bola sobrou para Matheus Nascimento empurrar para o gol vazio. Além do recurso técnico de Victor Sá, a ocupação da área foi um destaque no lance. Quatro jogadores chegaram na área como opções de finalização. Retrato de um time que defendeu e atacou em bloco, de forma coesa.
Com a vantagem segura e o desempenho dominante, Castro começou a gerir o elenco. Trocou Lucas Fernandes e Matheus Nascimento por Tchê Tchê e Tiquinho. Na sequência, Gabriel Pires, Junior Santos e Victor Sá deixaram o campo para as entradas de Eduardo, Matías Segovia e Luis Henrique. Junior Santos fez um bom jogo e foi um incômodo constante ao lado esquerdo do sistema defensivo atleticano. É imprevisível o que vai sair dos pés do atacante, mas é certo que Junior vai entregar esforço, disciplina tática e velocidade pelo lado direito do campo. Já Victor Sá foi o nome do jogo. Com confiança, mostrou com regularidade os atributos técnicos que todos esperam dele.
O Botafogo mandou no jogo durante o segundo tempo. Nos 45 minutos finais, foram 13 finalizações do Glorioso contra apenas três do adversário (nenhuma na direção do gol). A primeira finalização do Atlético na etapa final saiu apenas aos 26 minutos. Além de se provar um time muito perigoso quando acelera o jogo, cada vez mais surgem alternativas de ataque a partir de passes curtos e movimentações, como no lance do primeiro gol.
O Botafogo recebe o Corinthians na próxima quinta-feira (11), às 19h, no Nilton Santos. Em três jogos no Brasileirão, os paulistas ganharam um e perderam dois. O treinador Vanderlei Luxemburgo comanda a equipe pela segunda vez nesta segunda-feira contra o Fortaleza na Neo Química Arena.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BOT 39% x 61% CAM
Passes certos – BOT 279 (82%) x 458 (85%) CAM
Finalizações – BOT 22 (7 no gol) x 9 (1) CAM
Defesas do goleiro – BOT 1 x 5 CAM
Gols esperados (xG) – BOT 2.09 x 0.48 CAM
Finalizações dentro da área – BOT 14 x 5 CAM
Grandes chances de gol – BOT 3 x 1 CAM
Grandes chances perdidas – BOT 2 x 1 CAM
Desarmes – BOT 22 x 17 CAM
Interceptações – BOT 14 x 9 CAM
Cortes – BOT 34 x 18 CAM
Disputas de bola vencidas – BOT 61 x 51 CAM
Disputas aéreas vencidas – BOT 17 x 5 CAM
Cruzamentos – BOT 6/19 (32%) x 1/20 (5%) CAM
Bolas longas – BOT 27/47 (57%) x 29/53 (55%) CAM
Dribles – BOT 14/22 (64%) x 16/27 (59%) CAM
Perdas de posse de bola – BOT 105 x 135 CAM
Faltas – BOT 14 x 8 CAM
Cartões amarelos – BOT 1 x 3 CAM