Depois de um primeiro tempo dominante, o Botafogo sofreu uma inacreditável virada para o Palmeiras no Nilton Santos. A derrota por 4 a 3 diminuiu a vantagem alvinegra na liderança do campeonato para apenas três pontos. Com a bola rolando, o Glorioso fez um primeiro tempo perfeito e uma segunda etapa para se esquecer. A expulsão de Adryelson aos 30 minutos do segundo tempo, com interferência do VAR, foi determinante para o resultado final do confronto. Polêmicas de arbitragem à parte, o Alvinegro teve cinco chances claras de marcar na partida e desperdiçou quatro.
Com o retorno de Victor Sá, após cumprir suspensão automática contra o Cuiabá, Lucio Flavio teve o que considera o 11 ideal na formação da equipe. No seu quinto jogo no comando do time, o treinador interino repetiu pela terceira vez a escalação com Lucas Perri, Di Placido, Adryelson, Cuesta, Marçal, Tchê Tchê, Marlon Freitas, Junior Santos, Eduardo, Victor Sá e Tiquinho. Apesar do momento ruim de algumas das lideranças do grupo, a comissão técnica encabeçada por Lucio e Carli confia na reabilitação da confiança e na retomada do bom desempenho do primeiro turno.
Primeiro tempo
O desenho das equipes em campo já anunciava uma disputa acirrada nas laterais do campo. Victor Sá voltou bem ao time e teve um ótimo começo de jogo. Aos sete minutos, o ponta puxou contra-ataque e ainda apareceu na área para servir Tchê Tchê, que acertou o travessão em chute desviado. Mais integrado e conectado ao jogo coletivo alvinegro, Victor criou alternativas que fizeram falta contra o Cuiabá. As movimentações do camisa sete abriram espaço e potencializaram o jogo dos companheiros.
O Palmeiras veio organizado com uma linha defensiva com cinco marcadores. Com a bola, Luan se tornava um volante e os alas avançavam para se juntar ao ataque. Nessa dinâmica de transições, Victor Sá encontrou muita liberdade para atacar o espaço entre os laterais/alas e os zagueiros. Foi por ali que o ponta se projetou a todo momento, seja para arrastar a marcação e abrir caminho para os companheiros, seja para dar opção de profundidade ao ataque alvinegro.
Junto com Victor Sá no lado esquerdo, Marçal também fez bom começo de jogo. Criticado pelas últimas atuações, o lateral foi mantido como titular pela sua liderança e experiência e conseguiu mostrar solidez na defesa e uma postura ativa no ataque. Aos 20 minutos, o lateral enxergou a movimentação em profundidade de Victor e lançou com precisão. Victor atacou o espaço às costas do ala, partiu para cima da marcação e viu Eduardo chegando pelo meio. O meia finalizou de primeira e o desvio na zaga, desta vez, fez a bola morrer no canto esquerdo de Weverton.
Sem perder a gana e o foco na missão, o Botafogo não sentou sobre a vantagem e manteve o ímpeto ofensivo em busca do segundo gol. Aos 29, em cobrança de escanteio curta, Tchê Tchê recebeu com muita liberdade na entrada da área e bateu forte no ângulo direito do goleiro. O Glorioso chegou ao segundo gol na décima finalização, enquanto o adversário ainda não havia chutado contra o gol de Lucas Perri.
E não parou por aí. Aos 35, Júnior Santos aproveitou a desatenção do Palmeiras na cobrança de um arremesso lateral, recuperou a bola, passou por quatro adversário e serviu Tiquinho. O centroavante bateu rasteiro, Weverton defendeu e, no rebote, o próprio Júnior apareceu para completar para o gol vazio e ampliar. Todo o lance que terminou no terceiro gol alvinegro retratam a diferença de foco e concentração entre as duas equipes. A exibição dominante do Botafogo passou pela força mental do grupo para sustentar o momento de pressão
Os números ilustram o atropelo do Glorioso: foram 15 finalizações contra apenas duas do adversário; 69% de aproveitamento de drible contra 29%; 39 a 14 nas disputas de bola; 24 a 17 em ações defensivas. Além dos três gols, o Alvinegro ainda perdeu duas chances claras de gol com Victor Sá e Júnior Santos que poderiam deixar a vantagem ainda maior.
Segundo tempo
Como manter o nível de concentração e competitividade depois de uma descarga de adrenalina tão intensa? Era esperada alguma resposta por parte do Palmeiras, um time acostumado a disputar momentos decisivos nas últimas temporadas. E essa resposta demorou pouco mais de três minutos. Perri errou na saída, a bola chegou no jovem Endrick que aproveitou a pressão frouxa da marcação alvinegra, passou por três marcadores e finalizou por baixo do goleiro.
O susto logo no início do segundo tempo foi um alerta de que o jogo não estava ganho. Uma mudança tática no Palmeiras criou problemas no sistema defensivo alvinegro. Abel lançou Gustavo Gomez como lateral direito e Mayke como um ponta, criando superioridade numérica com a movimentação constante de Endrick no setor.
O Botafogo finalizou pela primeira vez na etapa final somente aos 26 minutos, no último lance de Júnior Santos em campo. O atacante sentiu caimbrãs e foi substituído por Carlos Alberto. Danilo Barbosa também entrou no lugar de Eduardo para reforçar a marcação. Mas as mudanças foram seguidas por um lance que mudou todo o planejamento. Adryelson foi expulso após intervenção do VAR por impedir uma ocasião clara de gol. Victor Sá deu lugar a Philipe Sampaio para recompor a linha de defesa.
O roteiro do final do jogo foi cruel com o Alvinegro. Com um a menos, o Botafogo encaixou um contra-ataque em que Tiquinho Soares foi derrubado e o pênalti foi marcado. Aos 37, o próprio Tiquinho bateu e parou na defesa de Weverton. Um minuto depois, Endrick aproveitou o rebote de uma bola afastada pela defesa, limpou a marcação e bateu no canto esquerdo de Perri.
O Palmeiras começou a cruzar muitas bolas na área e, aos 43 minutos, empatou com o argentino Flaco López. Levando vantagem nos cruzamentos, os paulistas alcançaram a improvável virada aos 53 minutos, com o zagueiro Murilo no último lance do jogo.
O Botafogo volta a campo na próxima segunda-feira (6), às 19h, contra o Vasco em São Januário. Enquanto o Glorioso se mantém como melhor visitante do Brasileirão em aproveitamento (57,1%), o Cruzmaltino é o sexto pior mandante (44%). O Alvinegro não terá a dupla de zaga titular para o confronto.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BOT 40% x 60% PAL
Passes certos – BOT 243 (81%) x 385 (89%) PAL
Finalizações – BOT 18 (8 no gol) x 15 (6) PAL
Gols esperados (xG) – BOT 2.95 x 1.67 PAL
Finalizações dentro da área – BOT 11 x 8 PAL
Grandes chances de gol – BOT 5 x 2 PAL
Grandes chances perdidas – BOT 4 x 0 PAL
Defesas do goleiro – BOT 2 x 5 PAL
Cruzamentos – BOT 1/8 (13%) x 6/37 (16%) PAL
Bolas longas – BOT 31/55 (56%) x 32/52 (62%) PAL
Desarmes – BOT 17 x 8 PAL
Interceptações – BOT 9 x 9 PAL
Cortes – BOT 24 x 11 PAL
Disputas de bola vencidas – BOT 52 x 35 PAL
Disputas aéreas vencidas – BOT 12 x 11 PAL
Dribles – BOT 11/16 (69%) x 7/17 (41%) PAL
Faltas – BOT 12 x 13 PAL
Cartões amarelos – BOT 6 x 5 PAL
Cartão vermelho – BOT 1 x 0 PAL