Análise: no ritmo de Tiquinho Soares, Botafogo mostra equilíbrio e confiança para bater o Flamengo no Maracanã

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Análise: no ritmo de Tiquinho Soares, Botafogo mostra equilíbrio e confiança para bater o Flamengo no Maracanã
Vitor Silva/Botafogo

O Botafogo é líder isolado do Brasileirão com 100% de aproveitamento. No Maracanã, o Glorioso venceu o Flamengo por 3 a 2, gols de Tiquinho Soares (2) e Danilo Barbosa. O nome do jogo, a atuação de Tiquinho, frio na finalização e inteligente na distribuição da bola, deu o tom da partida madura da equipe no primeiro clássico do campeonato. O Alvinegro sustentou a pressão inicial do rival, aproveitou as chances que teve e não perdeu a cabeça ao jogar com um jogador a menos durante a maior parte do segundo tempo.

O Botafogo contou com o retorno de Marçal na lateral-esquerda depois de quatro jogos fora com uma lesão na virilha. Rafael, que substituiu Marçal improvisado na esquerda e teve atuações competentes, ganhou a vaga de Di Placido na lateral-direita, revelando a preocupação do treinador com o trabalho defensivo irregular do argentino. No meio-campo, Castro optou por uma formação mais combativa para reforçar o sistema defensivo e entrou com Tchê Tchê no lugar de Lucas Fernandes.

Análise Flamengo x Botafogo

O cuidado especial de Castro com a ocupação dos espaços na defesa mudou também o posicionamento da equipe sem a bola. O 4-4-2 habitual, com Eduardo dando o primeiro combate ao lado de Tiquinho, deu lugar a um 4-5-1, com o meia ao lado de Danilo Barbosa e Tchê, enquanto Junior Santos e Victor Sá fecharam as laterais. A equipe, no entanto, evitou baixar demais as linhas para evitar ficar acuada contra a própria área e buscou uma marcação em bloco médio, com as linhas bem compactas em poucos metros de campo. Com apenas 17% da posse de bola nos primeiros dez minutos, a estratégia alvinegra era evidente: ocupar o campo de defesa para combater o jogo de posse e troca de passes do adversário.

O Flamengo criou boa chance de gol logo aos cinco minutos. A movimentação e os passes rápidos em progressão confundiram o lado esquerdo da defesa do Glorioso e Vidal, livre na área, acertou a trave esquerda de Lucas Perri. Foi pela direita do ataque, com Gabriel e Wesley, que o Rubro-Negro conseguiu acelerar e criar suas melhores oportunidades. Por ali, Eduardo e Victor Sá recompunham a marcação com menos atenção. No outro lado, além do melhor posicionamento defensivo, Rafael teve bom desempenho no mano a mano contra Everton Cebolinha.

Com a bola nos pés, o foco foram os lançamentos na direção de Tiquinho Soares e as arrancadas de Junior Santos nos primeiros minutos da partida. A partir dos 15 minutos, o Botafogo conseguiu escapar da pressão alta, colocar a bola no chão e trocar passes no campo de ataque. Depois do susto inicial, o time entrou no jogo e equilibrou as ações com a maior participação de Eduardo e Victor Sá pelo lado esquerdo. Se Junior Santos levava a pior contra Léo Pereira no um contra um na direita, Victor Sá conseguiu vantagem sobre Wesley na esquerda.

E foi com Victor Sá partindo para cima de Wesley que o Botafogo construiu a jogada do primeiro gol. Aos 27 minutos, o ponta invadiu a área, cortou para dentro e foi derrubado pelo lateral. Pênalti que Tiquinho cobrou deslocando o goleiro para abrir o placar no Maracanã. Tiquinho Soares ainda teve a chance de ampliar a vantagem quando Eduardo forçou o erro de Santos na saída de bola, Danilo antecipou para retomar a bola e o atacante finalizou de longe para o gol vazio. A bola passou à esquerda da meta, tirando o ‘uh’ da torcida na arquibancada.

O time e a torcida do Flamengo sentiram o crescimento do Botafogo no jogo. O Glorioso era mais assertivo com a bola no pés, encontrando soluções rápidas para finalizar as jogadas, algumas com bastante perigo. Em um desses ataques objetivos, já nos acréscimos do primeiro tempo, Tiquinho saiu da área para dar opção de passe para Victor Sá, recebeu e bateu forte, exigindo grande defesa de Santos. Foi a quarta finalização do atacante na primeira etapa. Na cobrança do escanteio, Eduardo colocou a bola na cabeça de Danilo Barbosa, que subiu sozinho no meio da desatenta defesa adversária.

O grande resultado conquistado nos 45 minutos iniciais foi reflexo de um jogo maduro em que o Botafogo sustentou a pressão inicial, não permitiu que o Flamengo determinasse o ritmo e foi certeiro no ataque para competir na partida. Mesmo com apenas 29% da posse de bola, o time equilibrou o número de finalizações (8 x 7 para o Flamengo) e o número de gols esperados (xG), índice que determina a probabilidade de uma finalização terminar em gol, mostra como as chances criadas pelo Glorioso foram mais perigosas (1.13 x 0.65 para o Botafogo).

No segundo tempo, o Flamengo partiu para cima buscando diminuir o prejuízo. A entrada de Everton Ribeiro causou mais dificuldades ao lado esquerdo da defesa alvinegra e, em apenas quatro minutos, o meia colocou Gabriel na cara do gol duas vezes. Foi a vez de Lucas Perri entrar em ação para evitar o gol do adversário. O goleiro também salvou uma finalização de Cebolinha da entrada da área. O Botafogo já não conseguia manter a posse do adversário distante de sua própria área e foi sendo acuado pela pressão rubro-negra. Tudo piorou quando Rafael recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso aos seis minutos da etapa final.

Com um a menos e Di Placido no lugar de Junior Santos, o Botafogo passou a ser ‘amassado’ pelo rival. No banco, o clima quente afetou também o treinador Luís Castro, expulso por reclamação. A debilidade do lateral argentino na defesa não demorou a cobrar seu preço. Aos 12 minutos, cruzamento na área, o jogador não acompanhou o deslocamento de Léo Pereira nas suas costas e o zagueiro marcou o gol. Na ‘blitz’ que o Flamengo promoveu, a defesa alvinegra precisou colocar, por vezes, seis jogadores na última linha de defesa a fim de proteger a área.

As entradas de Marlon Freitas e Luis Henrique nos lugares de Eduardo e Victor Sá foram importantes para reorganizar e dar novo gás para o time que estava sem saída de contra-ataque. Com o adversário totalmente lançado ao ataque, havia espaços a serem atacados em transição de velocidade. Em apenas dois minutos em campo, Luis Henrique foi lançado pela esquerda e o Botafogo, em quatro finalizações bloqueadas, por pouco não ampliou a vantagem. Logo depois, aos 25, jogadaça de Tchê Tchê pela direita e finalização certeira de Tiquinho para marcar o terceiro gol alvinegro no jogo. Terceiro gol do centroavante no Brasileirão, 12º na temporada.

Aos 30 minutos do segundo tempo, um lance determinante da partida. Após uma falta dura de Thiago Mais sobre Di Placido, o VAR recomendou a revisão para mudar a cor do cartão, de amarelo para vermelho. A árbitra revisou e manteve a controversa decisão de campo. Aos 40, em cobrança de escanteio, Léo Pereira subiu mais alto que Cuesta e cabeceou no canto, sem chances para Perri defender. O Botafogo se fechou e o jogo voltou a ser um ataque contra defesa na reta final. Philipe Sampaio substituiu Tchê Tchê para defender os cruzamentos na área. O Flamengo tentou de todas as formas, finalizou 16 vezes no segundo tempo, mas parou em Lucas Perri, que fez 11 defesas no jogo.

Análise Flamengo x Botafogo

Pela Sul-Americana, o Botafogo vai receber a LDU na próxima quinta-feira (4), às 21h, no Nilton Santos, em jogo que vale a liderança do grupo. Quinta colocada no Campeonato Equatoriano, com quatro vitórias, um empate e três derrotas, a LDU vem de goleada por 4 a 0 sobre a Universidad Católica no último sábado (29).

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – FLA 74% x 26% BOT
Passes certos – FLA 566 (88%) x 158 (70%) BOT
Gols esperados (xG) – FLA 3.24 x 2.15 BOT
Finalizações – FLA 24 (13 no gol) x 12 (6) BOT
Finalizações dentro da área – FLA 19 x 9 BOT
Grandes chances – FLA 8 x 3 BOT
Grandes chances perdidas – FLA 6 x 0 BOT
Defesas do goleiro – FLA 3 x 11 BOT
Desarmes – FLA 12 x 18 BOT
Interceptações – FLA 10 x 10 BOT
Cortes – FLA 5 x 29 BOT
Cruzamentos – FLA 3/28 (11%) x 2/9 (22%) BOT
Bolas longas – FLA 34/48 (71%) x 16/49 (33%) BOT
Dribles – FLA 9/20 (45%) x 9/16 (56%) BOT
Perdas de posse de bola – FLA 134 x 105 BOT
Duelos ganhos – FLA 43 x 48 BOT
Duelos aéreos ganhos – FLA 10 x 8 BOT
Faltas – FLA 14 x 12 BOT
Cartões amarelos – FLA 4 x 4 BOT
Cartões vermelhos – FLA 0 x 1 BOT

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