O Botafogo venceu o primeiro clássico de 2023. No Maracanã, o Glorioso bateu o Fluminense por 1 a 0, gol de Victor Sá. O Alvinegro teve apenas 32% da posse de bola, mas soube explorar o contra-ataque no segundo tempo para finalizar mais que o adversário e sair com o resultado positivo. Depois de dois resultados frustrantes nos jogos do Campeonato Brasileiro de 2022, Luís Castro venceu o Tricolor pela primeira vez.
No primeiro grande desafio do ano, Castro escalou o time titular sem grandes surpresas. A opção por Lucas Piazon no lado direito de campo foi a maior novidade e revelou a preocupação do treinador com a recomposição defensiva no setor. Gustavo Sauer, a outra opção para a posição, tem menos mobilidade para acompanhar a subida do lateral adversário. Castro quis garantir a superioridade numérica no campo de defesa para dificultar a troca de passes do Fluminense.
No entanto, o estilo de jogo característico do Tricolor treinado por Fernando Diniz voltou a incomodar o Botafogo, que não conseguiu se encontrar em campo. Com o time mais maduro, o Fluminense conseguiu impor sua forma de jogar, retendo a posse de bola e trocando passes em progressão. Da mesma maneira que o sistema defensivo alvinegro não foi capaz de pressionar a posse de bola adversária no campo de ataque, com a bola nos pés o time não encontrou soluções para construir a partir da defesa. O que se viu foi uma equipe sem saber o que fazer com a bola para escapar da marcação e sem poder de fogo para sair em contra-ataques.
Mesmo com o controle das ações no primeiro tempo, o Fluminense não conseguiu transformar o domínio em chances de gol devido ao bom comportamento defensivo alvinegro próximo a própria área. As jogadas mais agudas do time das Laranjeiras cruzaram a área alvinegra sem finalização em direção ao gol de Lucas Perri. O Botafogo teve a melhor chance de gol da etapa inicial em cabeçada de Gabriel Pires após levantamento de Marçal aos nove minutos de jogo. A partir dos 15 minutos finais do primeiro tempo, o Glorioso conseguiu trocar mais passes e ser um pouco mais efetivo no campo de ataque. Ainda assim, foi para o intervalo com somente 36% da posse de bola e 93 passes certos. Na etapa final, ainda menos: 26% de posse e 28 passes acertados.
Alguns jogadores estiveram tecnicamente abaixo do esperado. Victor Sá participou pouco do jogo no primeiro tempo e não conseguiu se firmar como uma opção de velocidade para contra-ataques. O ponta não recompôs com a mesma qualidade de Piazon e o lado esquerdo do sistema defensivo alvinegro foi o caminho preferido do ataque tricolor. Com a bola, Sá tem demonstrado dificuldade no um-contra-um, levando a pior nos duelos com os defensores. Tiquinho também não fez um bom jogo, com alguns erros de passe e dificuldades no controle da bola.
Sem alterações no intervalo, a expectativa era por uma mudança de postura para a segunda etapa. Em entrevista na saída para o vestiário, Tiquinho revelou que o plano inicial era estabelecer uma marcação em linha alta e o time precisou se adaptar durante o primeiro tempo. No retorno para o segundo tempo, o Botafogo voltou a encontrar dificuldade em manter a posse e encontrar as linhas de passe, terminando acuado pelo adversário nos minutos iniciais. O Alvinegro acertou três passes nos primeiros dez minutos de jogo.
Diante do domínio territorial tricolor, a defesa sob pressão cometeu um erro que não havia cometido no primeiro tempo e cedeu espaço para Ganso na entrada da área. O meia lançou Keno, que sofreu pênalti de Rafael. Na cobrança de Calegari, grande defesa de Lucas Perri. Depois do susto, enfim, o Botafogo começou a jogar. Primeiro, Tiquinho perdeu ótima chance após cruzamento de Piazon. Na sequência, Tchê Tchê achou excelente lançamento que deixou Victor Sá na cara do gol. Victor conduziu e finalizou com categoria no canto esquerdo do goleiro Fábio para abrir o placar. O gol pode representar uma importante injeção de confiança para o jogador assumir o lugar de Jefinho no ataque.
Como o sistema de marcação no futebol é um cobertor curto, a entrada de Keno no lugar de Yago Felipe no Fluminense tornou o time mais agudo, mas deixou muito espaço para o Botafogo atacar em profundidade. Com a vantagem no placar, o Glorioso foi inteligente para explorar a instabilidade emocional do adversário depois do pênalti perdido e do gol sofrido. Castro mexeu no sentido de explorar essa fragilidade. Marlon Freitas substituiu Patrick de Paula para ser mais uma opção de força para chegar na área como elemento surpresa. Carlos Alberto entrou no lugar de Victor Sá para ser a alternativa de contra-ataque com gás renovado. Entraram ainda Danilo Barbosa e Matheus Nascimento nas vagas de Tchê Tchê e Tiquinho.
O Botafogo conseguiu segurar a vitória e ainda teve chance de ampliar a vantagem. Na defesa, Lucas Perri, Marçal e a dupla de zaga formada por Adryelson e Cuesta fizeram um ótimo jogo na proteção do gol e da área alvinegra. No meio-campo, Gabriel Pires conseguiu aliar sua qualidade técnica com a intensidade tão cobrada pela torcida.
O próximo adversário do Glorioso será o Nova Iguaçu na próxima quarta-feira (1), às 19h, no Estádio Luso-Brasileiro.
Números do jogo: (Footstats)
Posse de bola – FLU 68% x 32% BOT
Passes certos – FLU 515 (92%) x 121 (81%) BOT
Finalizações – FLU 7 (4 no gol) x 8 (5) BOT
Cruzamentos – FLU 5/27 (18%) x 6/14 (43%) BOT
Lançamentos – FLU 10/17 (59%) x 9/22 (41%) BOT
Desarmes – FLU 6 x 10 BOT
Interceptações – FLU 3 x 6 BOT
Rebatidas – FLU 10 x 36 BOT
Dribles – FLU 2/2 (100%) x 0/1 (0%) BOT
Perdas de posse de bola – FLU 25 x 10 BOT
Faltas – FLU 14 x 25 BOT
Cartões amarelos – FLU 3 x 5 BOT