* É possível separar a análise em duas partes: os bastidores e o dentro de campo. E o Botafogo está vacilando em ambas. Como mostrou mais uma vez na derrota por 4 a 3 para o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro-2023, nesta quarta-feira (1/11), no Estádio Nilton Santos.
* A julgar pelo primeiro tempo, era o jogo do título. Pela segunda etapa, é o jogo que frustra milhões de torcedores. Uma coisa é certa: o Botafogo segue vivo e em boas condições de ser campeão brasileiro. Não pode se desestabilizar mentalmente.
* Por que é possível ser campeão? Porque, ao mesmo tempo em que o Botafogo bobeia, outros times também. A vantagem alvinegra ainda é de três pontos e um jogo a menos em relação ao Palmeiras. Que só tem mais sete partidas para disputar. De oito jogos restantes, o Botafogo precisa vencer quatro ou cinco e empatar uns dois. Contando que os adversários também tropeçarão. Dá.
* Só que, começando pelo próprio time, o Botafogo tem cometido erros que não são tão comuns. Lucas Perri, por exemplo, quis sair rápido vencendo o Palmeiras por 3 a 0, errou a reposição e não defendeu o chute de Endrick. Depois, ficou inseguro e não saiu do gol em cruzamentos. Adryelson, expulso rigorosamente, perdeu levemente o tempo de bola ao armar um chutão. Um toque de lado resolveria. Marlon Freitas tem marcado com o olho, como no primeiro gol de Endrick, não dá botes e erra passes bobos, como na origem do último gol. Tiquinho Soares desperdiçou pênalti na hora de fazer 4 a 1 e confirmar a vitória. Júnior Santos e Victor Sá perderam grandes chances.
* São apenas exemplos deste jogo. Se buscar em outros, há erros de Di Placido, Victor Cuesta, Marçal, Eduardo, Luis Henrique etc. O peso e a pressão parecem atingir também os jogadores, que têm que assumir a responsabilidade nessa hora.
* Com esses erros, a torcida se divide entre criticar o time e a arbitragem. Mas é difícil achar que o árbitro escolheu um lado nesse jogo. Se fosse o caso, dificilmente daria o pênalti em Tiquinho no fim. Foi rigoroso, com o auxílio do VAR Rafael Traci (sempre ele) na expulsão de Adryelson e poderia revisar possível falta em Tchê Tchê no gol de empate.
* Mas será que se o juiz quisesse prejudicar totalmente o Botafogo esperaria o time abrir 3 a 0? Marcaria o pênalti a favor no fim? Ao assumirem o discurso do “contra tudo e contra todos”, os jogadores têm que entrar em campo cientes de que não podem dar brechas e que precisam superar até a arbitragem. Não têm conseguido.
* Não dá para negar que o Botafogo tem uma sequência pesada de arbitragens contra. Flamengo (gols irregulares e não expulsão de Bruno Henrique), Atlético-MG (gol anulado de Diego Costa), Corinthians (expulsão de Marçal), Goiás (“cera” do árbitro com microfone), Athletico-PR (gol sofrido em impedimento), Cuiabá (gol de Pitta com toque no braço) e Palmeiras (expulsão de Adryelson). Ainda há outras decisões extracampo estranhas, como a continuação sem torcida do jogo com o Athletico, o adiamento da partida com o Fortaleza, benefícios a outros clubes, punições ao Botafogo no STJD, revolta seletiva da Abrafut etc.
* Tudo isso tem muito peso. Compare com 2017, um ano muito citado pela semelhança da campanha do Corinthians campeão. No momento que baqueou, venceu o Vasco com gol de Jô de mão e derrotou o Palmeiras em jogo polêmico. Nós não queremos ser beneficiados. Mas não ser atrapalhado já é uma grande ajuda.
* Como é difícil de acreditar que arbitragens e CBF tenham boa vontade com o Botafogo nesta final, cabe esperar mais do time. Foram esses mesmos jogadores que colocaram o Glorioso na liderança. É neles que está a esperança de ser campeão no final.