* Contratação mais cara da história do Botafogo, Patrick de Paula não disse a que veio. Ficou devendo mais uma vez no frustrante empate em 1 a 1 com o Juventude, pelo Campeonato Brasileiro. Primeiramente, vamos avaliar que é preciso dar tempo ao volante, por diferentes aspectos.
* Um deles é que Patrick não vinha jogando com frequência, então é natural ainda estar sem ritmo. E parece não estar no auge de sua forma física. Mas é o típico caso de jogador que tem “estrutura” e força, então demora mais a estar no seu melhor nível.
* Outro está na questão tática. Patrick de Paula brilhou no Palmeiras principalmente de primeiro volante, vendo o jogo de frente, distribuindo a bola, dando lançamentos e chegando para finalizar de longe. Diante do Juventude, atuou como segundo volante, até mais pelo lado direito. Ficou encaixotado na marcação adversária, entre as linhas, e pouco participou.
* Agora, é preciso colocar que uma mudança e melhores atuações vão passar pelo próprio Patrick de Paula. Ele precisa querer. Estar mais disposto, ser mais participativo, aparecer mais, vibrar em campo, apresentar vontade, errar menos tecnicamente. Se preparar melhor. Patrick tem bola e potencial, mas tem que mostrar dentro de campo. Ou o caminho será o banco de reservas, como foi no Palmeiras.
* Sobre a parte tática, Patrick de Paula poderia ser o primeiro volante, onde se sente confortável. Luís Oyama é mais dinâmico e versátil, teria mais condições de se adaptar como segundo volante. Patrick recebe a bola apenas no pé, Oyama pode receber no pé ou na frente. Sabe se deslocar e dar opção pelo lado direito.
* O mesmo vale para Chay. Fez bom jogo diante do Juventude, porém foi escalado quase como um volante ao lado de Patrick de Paula. Participou muito no meio, chamou a bola, tentou. Mas teve que percorrer grandes distâncias no campo e ficou longe da área adversária, onde é mais perigoso. É nas entrelinhas, achando o passe decisivo ou a finalização, que rende mais. Como era com Enderson Moreira, em que jogava quase como segundo atacante. Poupava sua energia para realmente atacar.
* Outro ponto tático que não tem funcionado é Gustavo Sauer aberto pela direita. O meia canhoto, que tem o hábito de jogar ali, não tem encontrado seu espaço nem rendido o que se espera. Não dá profundidade, sempre corta para o meio ou dá o passe simples. Em alguns casos, ter um ponta aberto pela direita pode ser melhor para o time. Diego Gonçalves pelo menos tem entrado com vontade e disposição, embora não seja seu lado preferido. Vinícius Lopes deixou uma breve boa impressão contra o Fluminense, poderia ser testado.
* No ataque, é curioso que Erison e Matheus Nascimento têm características diferentes e que, diversas vezes, parece que o que está no banco seria mais eficiente que o titular em um jogo específico. Erison é mais de força, precisa de campo e espaço. Matheus Nascimento é mais inteligente, tem o jogo curto, clareia jogadas. Contra o Juventude, no primeiro tempo, o jogo pedia mais Matheus Nascimento. Erison acabou desperdiçando ataques por erros de tomada de decisão. Matheus Nascimento entrou bem e fez a jogada que gerou o pênalti. Quem deve ser o titular? Difícil dizer.
* É claro que essas são impressões, só é possível ter certeza com treinos, jogos e avaliações. E ninguém melhor que o próprio Luís Castro para definir. Contudo, o treinador português ainda está em início de trabalho, então é natural que faça testes, erre, acerte, ajuste e observe, até encontrar o time ideal.
* O empate com o Juventude foi frustrante, a torcida merecia um resultado melhor, mas assim é o Campeonato Brasileiro. O adversário veio para se defender e “roubar” tempo do jogo, com cera excessiva, além de faltas fortes. Contou com a boa vontade da arbitragem. Só não pode é ter clima de terra arrasada. É aos poucos que o Botafogo vai se ajustando e se tornando um time confiável. Mais do que nunca, é importante “confiar no processo”.