Estamos acompanhando o embate entre a SAF e uma parte do Botafogo social, mas qual lado está certo nessa história? A resposta é tão simples quanto óbvia: os dois lados estão certos e também estão errados. Eu sei que, em um primeiro momento, é complicado aceitar minha resposta como válida, mas vou tentar explicar meu ponto da maneira mais clara possível.
Nossa tendência natural é desqualificar qualquer demanda que venha do Botafogo social, e essa repulsa está diretamente ligada às décadas de gestões tenebrosas realizadas pelos diferentes grupos políticos que sempre habitaram o clube. Naturalmente, queremos nos afastar o máximo possível daqueles que nos colocaram em uma posição de “falência” vexatória e que nos tiraram a possibilidade até mesmo de sonhar com um futuro decente. No entanto, o Botafogo social continua sendo relevante para nossos planos futuros!
Para que a SAF fosse constituída, muitas conversas entre as duas partes (Textor e Botafogo) aconteceram e acabaram gerando um contrato entre elas. Como todo e qualquer contrato, ele possui o principal objetivo de resguardar os interesses das partes e estabelecer as bases para que essa relação ocorra de maneira mais eficiente e justa possível. Dentro desse contexto, o Botafogo social tem o importantíssimo dever de fiscalizar pontos sensíveis da administração da SAF. Portanto, não podemos ficar incomodados se o Botafogo social levantar QUALQUER questionamento PERTINENTE e embasado pelas cláusulas do contrato.
Aí você vai dizer que o Conselho não foi tão atuante quando os dirigentes amadores faziam as maiores atrocidades financeiras e administrativas, correto? Você está corretíssimo, mas tenha em mente que um erro normalmente não deve justificar o outro. Esse órgão interno não fez seu “trabalho” de maneira criteriosa no passado, mas precisa fazê-lo no presente.
Isso significa dizer que o Botafogo social está coberto de razão? Obviamente não!
Claramente, alguns conselheiros buscam manter algum tipo de influência no noticiário do clube e, se a declaração do Textor sobre vazamentos de cláusulas contratuais sigilosas for verdadeira, alguns desses conselheiros estão provando mais uma vez seu completo descompromisso com o Botafogo. Não deve ser tolerada nenhuma tentativa de interferência por parte do Botafogo social que ultrapasse os limites estabelecidos no contrato.
A SAF está comprovando diariamente ser infinitamente mais capaz de guiar o futebol do Botafogo, mas isso não deve servir como uma “carta branca” para agir. O grande objetivo deve ser fortalecer o nosso processo de melhora contínua e, para isso, precisamos que as duas partes envolvidas estejam realmente trabalhando juntas.
Em resumo, nós torcedores devemos olhar para tudo isso com olhos críticos e sempre cobrar que as duas partes cumpram o que está assinado no contrato. Não podemos analisar a questão apenas de maneira emocional, pois, se assim nos comportarmos, correremos o sério risco de fazer vista grossa para erros de ambos os lados.