Alguns de vocês devem saber o quanto eu amo a série “Ted Lasso” da “Apple TV+”, mas não me lembro de ter falado sobre a razão por trás desse amor.
Eu sempre fui um cara muito ligado em querer saber a história das pessoas que fazem parte do meu convívio, pois sempre acreditei que elas são mais importantes do que empresas, associações ou qualquer coisa similar.
Ao assistir atentamente aos episódios da série, fica claro que o futebol é um pano de fundo no qual os gols, partidas e conflitos servem somente para que as pessoas brilhem e tenham suas histórias desenvolvidas e conectadas.
Todo esse enredo só funciona devido ao imenso talento que o Ted Lasso possui para enxergar o outro e tirar de maneira orgânica e quase sem querer, o melhor que cada um pode entregar para o sucesso coletivo. O Ted vai além do futebol, pois se conecta com as pessoas e com o ambiente criado pelas emoções e comportamentos delas.
Outro dia estava vendo um dos episódios e uma cena me levou diretamente para uma das coletivas de Luís Castro. Ali eu percebi de maneira cristalina, que criei uma admiração especial pelo que o Luís “empresta” ao Botafogo fora das quatro linhas.
Não quero aqui falar sobre parte tática ou técnica, o objetivo é falar sobre a pessoa. Ao longo de várias entrevistas, eu vi o Castro falar sobre saúde mental dos jogadores, sobre o tempo ganho com a família por meio do fretamento de aviões, sobre a complexidade na inserção de jovens oriundos de camadas mais baixas no primeiro time, sobre a educação no país, sobre diferenças culturais entre Brasil e Europa, sobre o imediatismo que impera em todas as esferas da vida moderna e sobre tantos outros assuntos que não são muito falados no noticiário do futebol brasileiro.
Ter alguém com esse tipo de sensibilidade me deixa feliz, orgulhoso e me faz torcer ainda mais para que o saldo final do trabalho dele seja positivo para todos nós. Enxergar que o futebol não é algo separado da sociedade, mas sim um reflexo dela, não é algo ordinário no nosso cenário.
O Castro nos engrandece como clube e isso merece ser dito e reverenciado, ainda mais após tantos anos de um processo de apequenamento liderado por aqueles que dirigiam o nosso Botafogo e diziam amá-lo tanto quanto nós o amamos.
Tomara que a gente tenha mais tempo para ouvir as reflexões do “Mister”.