Sabe quando alguém no seu trabalho é demitido e logo vem o papo no cafezinho: “Nossa, que droga, ele tinha filhos”. Ou então: “Dava para manter né, o dono só pensa em ficar rico”. Mas poucos tentam entender porque que o dono da empresa resolveu demitir. Muitas vezes não se precisa de um erro muito grande para se propor uma troca. Além disso, se na cabeça do chefe a troca vai beneficiar a empresa, não há necessidade de maiores explicações. A demissão de Enderson Moreira era previsível desde a venda do Botafogo e mostra que o clube terá um novo jeito de lidar com algumas situações.
Enderson fez muito na conquista do acesso. Sem ele talvez nem fosse possível. O problema é que o dono mudou e na visão dele o Botafogo precisa subir o sarrafo. Com a nossa moeda desvalorizada e com um clube de tradição nas mãos, John Textor sabe que pode fazer muito. Inclusive lucrar muito. Mas quer gente de sua confiança cuidando disso. Gente que se enquadre ao seu estilo de trabalho. Natural que deseje um treinador europeu.
Não adianta tomar o cafezinho lamentando a saída de Enderson. Acredito que muitos torcedores tenham a mesma sensação de que o treinador foi bom para a Série B e que não daria tão certo em competições de nível maior. Cabe a ele provar em outro clube que os alvinegros estavam errados.
Enderson também é vítima do momento

Ninguém pode dizer que Enderson fez um trabalho ruim no Botafogo. Muito pelo contrário. Os números assustam de tão positivos. Os objetivos foram traçados e ele paga o preço pelo cenário de expectativa x realidade. Mas sai também porque o clube quer sonhar mais alto. Quem dirige grandes empresas não pode ter medo de mudar.
Fico curioso apenas para ver como John Textor vai lidar com o futuro técnico. A cobrança de torcedores brasileiros é grande. Mas na Europa se costuma ter muita paciência com um técnico que a diretoria confie. O substituto de Enderson terá a confiança do novo dono. Assim os novos dias serão de novidades em General Severiano. Mas que venham trazendo coisas boas!