O Botafogo tem sido alvo de reclamações por parte de outros clubes por conta do fair play financeiro. Mas a briga vai muito além do clube ou do tema. Passa pela decadência do processo de espanholização do futebol brasileiro, que não quer dar espaço para SAFs. Acredito que teremos nos próximos meses debates acalorados em nome da “justiça no futebol”.
Por anos grupos de comunicação e até algumas entidades trabalharam para que dois clubes dominassem o Brasil. Enquanto um morria pelo amadorismo, outro despencava por dívidas bilionários. Um conseguiu se organizar. Mas na Espanha, que nem usa mais o modelo, deu certo por conta do nível europeu. Lá Real Madrid e Barcelona jogam contra Bayern de Munique e PSG. Aqui quando se olha para o lado se vê Bolívar e LDU. Ou seja, a organização de um dos brasileiros pouco adiantou para que se tornasse a potência esperada.
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A divisão absurda de cotas de TV e a desigualdade dos pay-per-view levaram a notícias debochadas sobre os demais times, como falta de pagamento de contas de luz e do FGTS dos atletas. Tudo isso era motivo de piada na mídia, não preocupada com as injustiças na divisão de valores. Assim surgia o discurso idiota do “Outro patamar”. Mas na divisão de receitas e em fair play financeiro ninguém falava.
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Botafogo e Textor ‘demoraram’ a incomodar

Cansado de bater em ponta de faca, os clubes buscaram modelos próprios e encontraram a tal da SAF, vitoriosa na Europa e em outros cantos. No início tentaram barrar, mas sem força política fora do futebol, foram facilmente derrotados. A SAF estava liberada e o Botafogo foi um dos primeiros a aderir.
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Como os dois primeiros anos os investimentos eram mais discretos, mesmo que altos, John Textor e o clube não incomodaram. Mas bastou competir e vencer no mercado concorrentes por nomes como Matheus Martins e Luiz Henrique que a coisa mudou. Como assim um clube ousa bater de frente com a espanholização? Já não basta um Palmeiras da vida querendo ser um Atlético de Madrid de luxo?
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Aí o fim todos sabem, um monte de matérias sobre Textor dois anos depois dele chegar ao Brasil e na semana de uma goleada. Mas isso é só o começo. Agora a briga é para frear as SAFs e investir investimentos nos demais clubes. Criar regras que tentem manter o discurso de “outro patamar” vivo. Por isso que os próximos meses serão chaves nesta disputa de bastidores e o Botafogo precisa ficar esperto.